O ministro da Saúde francês, médico neurologista Olivier Véran, apelou no Twitter a quem suspeitasse estar infetado com o novo coronavírus para não tomar anti-inflamatórios como o ibuprofeno, dando preferência ao paracetamol para tratamentos dos sintomas. O governante francês repetia assim as recomendações do Diretor-Geral da Saúde francês, Jérôme Salomon, e dava força a um estudo, preliminar que aponta no mesmo sentido. No entanto, em Portugal, a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, que foi questionada sobre o assunto na conferência de imprensa deste domingo, sublinhou que "não existe qualquer prova" de que este anti-inflamatório e outros medicamentos "potenciem os efeitos" do novo coronavírus – uma declaração que agora é apoiada pela Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).
Em comunicado, o Infarmed negou a ligação entre a toma de ibuprofeno e o agravamento da infeção pelo novo coronavírus e garante que "não existem, atualmente, dados científicos que confirmem um possível agravamento da infeção por Covid-19 com a administração de ibuprofeno" ou mesmo de "outros anti-inflamatórios não esteroides".
“Não há motivo para os doentes que se encontrem em tratamento com estes medicamentos o interrompam”, refere o Infarmed. No entanto, a autoridade admite que é "extremamente complexo determinar esta relação", uma vez que o ibuprofeno é administrado no arranque dos sintomas de infeção.
O Infarmed realça ainda que a "possível relação entre a exacerbação das infeções e a toma de ibuprofeno está a ser avaliada na União Europeia no Comité de Avaliação de Risco de Farmacovigilância da Agência Europeia do Medicamento" e que a conclusão deste estudo será remetida para maio de 2020 pela Autoridade Nacional do Medicamento.
Ainda assim, o paracetamol é o medicamento recomendado. "O tratamento sintomático da febre deve ser realizado através do uso de paracetamol como primeira alternativa. No entanto, também não há evidências para contraindicar o uso de ibuprofeno", remata.