Há pelo menos 100 portugueses retidos nas Filipinas sem conseguir regressar a Portugal. Em declarações à Lusa, pessoas que fazem parte desse grupo que aguarda o regresso ao país disseram estar “aflitos” e “desesperados”:
"Neste grupo [em Cebu] estão mais de 40 portugueses". Contudo, espalhados pelas Filipinas, "segundo a última contagem, eram sensivelmente 120", porque "há muita gente que está retida em ilhas", explicou Emanuel Mosca, junto do Aeroporto Internacional de Cebu, citado pela agência noticiosa.
"Há pessoas desesperadas, já vi pessoas a chorar e quer tudo voltar para o país", acrescentou.
"Encontrávamos todos em ilhas, e então achámos por bem, no caso de alguém nos poder ajudar, que seria sempre melhor dirigirmo-nos a um aeroporto internacional", adiantou.
No grupo, onde Emanuel se encontra, estão pessoas de Lamego, Coimbra, Lisboa e Ponte de Lima.
"Há inclusivamente pessoas que gastaram praticamente o dinheiro todo que tinham em voos, que entretanto foram cancelados, e que já não sabem, se tiverem mesmo de ficar aqui, como é que se vão manter, como é que se vão sustentar, porque não têm resposta nenhuma por parte de praticamente ninguém", acrescentou, revelando que lhes foi dito há cinco dias que tinham
"No meu caso em particular já gastei quase um milhar de euros em hotéis e também em voos que acabaram por ser cancelados", realçou.
"Para não ficarmos espalhados uns dos outros, porque já estamos com medo, medo de ficar sem dinheiro, com medo de ficar longe do nosso país, estamos com medo, depois, se acontecer alguma coisa, de não sermos bem tratados aqui porque somos estrangeiros", sublinhou.
"Criaram uma linha de apoio de Portugal, à qual variadíssimas pessoas acederam e não tiveram informação ou resposta nenhuma por parte das autoridades. (…) Nós temos tido um acompanhamento e agradecemos por isso, um acompanhamento por parte do cônsul português de Jacarta, que nos tem fornecido algumas informações diariamente", disse, frisando que o diplomata "tem sido incansável nesse aspeto, mas (…) o que ele tem feito, talvez porque não tenha grandes poderes, grandes meios para fazer melhor, (…) foi apenas fornecer-nos informações".
“Soluções não temos nenhuma até agora. Já não sabemos de nada, estamos realmente aflitos", concluiu.
Recorde-se que nas Filipinas estão confirmados 142 casos da Covid-19 e 12 pessoas já morreram. No domingo, o país adotou várias medidas mais restritivas, nomeadamente a entrada e saída de Manila, o que levou várias companhias aéreas a cancelarem voos.