Hoje vim escrever-vos sobre a Amélia. A propósito do Dia de luto das vítimas de violência doméstica criado pelo governo socialista! A Amélia é a minha bandeira na luta contra a violência doméstica neste país, num Governo que tem a prepotência de criar minutos de silêncio. Um autêntico atentado até diria, sádico, contra as vítimas deste hediondo crime. Até porque nós vítimas, um conjunto delas, com histórias pessoais umas mais horríveis que as outras, fomos recebidas na assembleia como um não assunto, um assunto esquecido, um assunto confundido pelos partidos parlamentares: a Amélia estava lá! A Amélia é uma senhora educada, com uma força que prevalece para lá do que um assassino e a justiça portuguesa já lhe roubaram: A vida dos seus dois filhos. A primeira filha Carla, foi morta de forma selvática, com uma facada e depois foi posta numa banheira a ferver, ainda viva. O assassino Moisés Fonseca, mesmo com estes requintes de malvadez, levou apenas uma pena de 20 anos de prisão. Irá cumprir dos vinte anos, somente 10 anos de prisão, quando já por várias vezes foi definido como um ‘psicopata’ e que o seu desejo era matar toda a família. O filho da Amélia desapareceu 3 meses antes de Carla e Moisés não diz onde está o corpo. E também ninguém o obriga a fazê-lo. No entanto esta senhora tem três netos para proteger! E agora? Agora vêm falar de luto, minutos de silêncio, uma triste e mera hipocrisia. Falem de medidas. Da triste realidade dos aparelhos eletrónicos e das penas suspensas. Falem que os agressores, podem agredir, ameaçar e serem condenados de forma suspensa e readmitidos numa sociedade falida juridicamente.
Falem dos assassinos condenados a penas de 20 anos que roubam a vida a dois seres humanos! Falem dos 35 mortos em 2019. Dos 3 mortos em 2020! Falem que a MEO/Altice foi a primeira grande empresa a querer fazer barulho enquanto tudo o resto queria silêncio! Falem que o Estado ganha com as condenações pagas em multa, utilizando essas mesmas multas através da IGPSJ para ‘ajudar’ outras vítimas, algo tenebroso! Tirar de um lado para pôr no outro! Onde está então a assistência social para estes casos? E assim também não tem que se gastar dinheiro com um indivíduo que já foi condenado em 7 penas diferentes por exemplo, através do aparelho eletrónico ou mesmo de uma pena de prisão efetiva, tudo isso iria custar dinheiro ao estado. Falem dos advogados pagos a peso de ouro enquanto deviam ser os agressores condenados a suportar os custos.
Falem das famílias das vítimas amputadas pelos estilhaços. Das horas infindáveis dos processos. Falem dos lobbys. Falem de tudo isso. Falem da dor, do desassossego, da saudade! Falem da força! Falem do amor que nos une enquanto vítimas! Não falem de luto. Para fazer luto é preciso respeitar as vítimas e condenar os agressores! Algo que não acontece em Portugal! Falem da Amélia, a mãe, filha e a avó que perdeu os filhos para a violência doméstica num país em que o governo fecha os olhos e faz do luto uma mera propaganda!