O número de pessoas infetadas pelo novo coronavírus subiu, esta quinta-feira, para 785, mais 143 que na quarta-feira, o que representa um aumento de 22,3%. Naquele que é também o primeiro dia do estado de emergência, as autoridades de saúde confirmaram que há uma terceira vítima mortal devido à covid-19. No balanço de hoje, o secretário de Estado da Saúde começou exatamente por falar na decisão de Marcelo Rebelo de Sousa ao decretar estado de emergência no país. António Sales defendeu que agora que o Estado deu “uma resposta musculada” face à pandemia, é também necessária”uma resposta mais robusta das pessoas". Por isso, apelou, sobretudo, aos grupos de risco para que fiquem em casa.
"Os grupos de risco têm mesmo de ficar em casa”, apelou. “Pessoas com mais de 60 anos ou doenças crónicas, incluindo diabéticos, hipertensos e doentes oncológicos não devem sair”, reiterou.
“Estamos a trabalhar com associações de doentes, autarquias, misericórdias e IPSS para darem resposta a estes doentes, sem colocar ninguém em risco”, disse António Sales.
Depois de pedir para que não se desloquem aos centros de saúde, o secretário de Estado lembrou a importância dos profissionais de saúde e pediu que estes se registem no sistema de notificação da DGS para recolha de dados sobre médicos e enfermeiros infetados.
Na mesma conferência, a diretora-geral da Saúde disse que vai mudar o atedimento para infetados e garantiu que está a agir “de acordo com a evidência científica” que tem à data.
"Serão tratados em casa, com serenidade", disse Graça Freitas.
Segundo a responsável passa-se de um modelo em que os hospitais de referência recebiam a maior parte dos casos de infeção pelo novo coronavírus para um em que as pessoas podem ser acompanhadas em casa, contando que têm sintomas leves a moderados.
"A maior parte de nós vai poder seguir a sua doença no seu domicílio (…) Muitos de nós vamos ter sintomas ligeiros a moderados", notou, lembrando que os cidadãos nessa situação devem ligar para a linha SNS 24 e serão acompanhados no domicílio, por médicos de família, enfermeiros, delegados de saúde, “o que for necessário”.
“Quem, na triagem, for detetado como pessoa de baixo risco deve fazer o período de doença em domicílio com acompanhamento da equipa de saúde”, disse, revelando que esta quinta-feira sairá uma norma com esta "evidência científica" para que possa ser consultada pelos profissionais de saúde.
"A ideia é proteger os profissionais de saúde – são um ativo importante – e impedir que contagiem outras pessoas", realçou.
Questionada sobre o facto de estas pessoas poderem contagiar outras, a diretora-geral da Saúde pede cuidados redobrados.
“Pessoas com sintomas leves podem contagiar outras pessoas (…) Mesmo em casa, têm de ter cuidado", recordou Graça Freitas.
Sobre os testes, a diretora-geral da Saúde diz ainda que Portugal está a aprender com outros países e que a DGS vai definir quem são os doentes prioritários para fazerem o teste à doença. Contudo, os testes em massa não são uma prioridade.
"Se pudermos alargar [os testes] alargaremos", acrescentou.
“A nossa prioridade nesta fase é testar as pessoas sintomáticas (…) Depois podemos ir para uma fase de testes da população, pelo menos aquela em maior risco ou mais exposta”, admitiu.
“Estamos a aprender uns com os outros e temos sempre a questão da disponibilidade dos testes”, lembrou. “Não é só fazer a colheita, é também a disponibilidade dos reagentes no mercado para fazer testes a todos”, considerou.
Confrontada com os casos desconhecidos, Graça Freitas disse que muitas pessoas já terão passado pela doença sem apresentarem sintomas – para Graça Freitas "isso é bom", uma vez que representa imunidade nestes casos e, em consequência, da população, algo que define como uma “vacina natural".
Sobre o facto de existirem apenas três casos de pessoas curadas, a responsável lembra que esta é uma doença "longa" no que diz respeito à recuperação e, por isso, "ainda é muito cedo" para que os dois testes acusem negativo – o necessário para serem considerados curados.
Graça Freitas diz ainda que se existirem óbitos em pessoas que não foram diagnosticadas antes da morte, será feito o teste à covid-19, caso apresentem um quadro sugestivo da doença. A afirmação da responsável chegou depois de ser questionada sobre o caso de uma mulher, com 94 anos, com sintomas de pneumonia e que teve um teste positivo depois de morrer.
A diretora-geral da Saúde confirmou que “este caso foi encontrado em necropsia” e lembrou que o primeiro caso em Espanha foi identificado da mesma forma.