O número de mortos por covid-19 duplicou, este sábado, aumentando para 12 as vítimas mortais no país. Desde dia 1 de janeiro já houve 9854 casos suspeitos, dos quais 1280 foram confirmados até este sábado.
No balanço habitual do Governo sobre a propagação da covid-19, Marta Temido disse que a data prevista pelo Governo para a ocorrência do pico da curva epidemiológica situa-se à volta do dia 14 de abril, quando até aqui a referência era o final do mês.
Outra das grandes novidades da conferência da imprensa foi dada também pela ministra da Saúde. Marta Temido afirma que vão ser dadas indicações às autoridades de saúde para alterarem a abordagem como lidam com pessoas infetadas com covid-19, com o intuito de reforçar o tratamento no domicílio. Só os casos graves ficarão hospitalizados, fazendo os restantes a recuperação de preferência em casa e com acompanhamento dos serviços de saúde. Marta Temido remeteu indicações mais concretas para uma orientação que será publicada.
A ministra anunciou que estará implementado no terreno um novo modelo de resposta, em que os doentes com covid-19 serão atendidos em locais diferentes dos doentes com outras patologias. Este novo modelo irá ser aplicado a partir de quinta-feira "por forma a dar tempo às entidades envolvidas de fazerem a adaptação", nomeadamente, ter áreas diferenciadas para doentes com o novo coronavírus e não infetados, assim como "a distribuição de equipamentos de proteção e mais testes".
"Estamos a aprender todos os dias. E essa aprendizagem é hoje muito clara, são pessoas acima de uma determinada idade que são mais vulneráveis à doença", afirma Marta Temido, deixando ainda um apelo aos jovens. "Apesar de não fazerem parte dos grupos de risco, devem ter muito cuidado com o novo coronavírus, pois por mais que não os afete tanto como às pessoas que pertencem aos grupos de risco podem facilmente transmitir a doença aos demais", disse.
Tanto a ministra da Saúde como a Diretora-geral da Saúde deixaram elogios à região norte, onde existem mais casos do novo coronavírus, e à forma como esta tem combatido a propagação da covid-19. Marta Temido considerou exemplar a resposta que tem sido dada no norte do país e disse que agora os serviços terão de se adaptar.
Respondendo a questões sobre a falta de material de proteção, respondeu que a reserva estratégica nacional tinha ontem à noite 2 milhões de máscaras e chegarão novas entregas nos próximos dias.
Em relação aos testes que estão a ser feitos no país, que têm sido considerado insuficientes pelos médicos, Marta Temido e Graça Freitas voltaram a dizer que existe capacidade para 9000 testes diários que são feitos em função dos casos validados, sendo que o número tem andado na casa dos 1000. Muitas pessoas têm recorrido às instituições privadas para realizar testes de covid-19. E os casos que tiveram resultados positivos fazem parte do número de infetados indicados pela Direção-Geral da Saúde, assegura Temido.
A resposta deverá ser alargada com a abertura de centros de teste na região de Lisboa como aconteceu no Porto já esta semana e a expectativa dos médicos é que nos locais de atendimento de casos covid-19 e nas urgências deixe de ser necessário pedir autorização para testar doentes.
A DGS vai lançar ainda uma nova orientação sobre os testes à covid-19 aos profissionais de saúde. Para garantir a sua segurança, este grupo irá ser prioritário na realização de testes de despiste.
Questionada sobre se existe algum arrependimento por medidas não tomadas ou tomadas mais tarde, como muitos apontam, Marta Temido assegura que tem seguido sempre as orientações das organizações mundiais. "Temos olhado para o que os outros países da UE estão a fazer e estamos todos a aprender uns com os outros", afirma, dando o exemplo de centros ambulatórios de testes.
A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, voltou a sublinhar várias medidas que devem ser seguidas para evitar a propagação da covid-19, como lavar as mãos constantemente, limpar as superfícies e evitar levar as mãos à face. Graça Freitas não descartou a hipótese de serem necessárias cercas sanitárias em torno de outras localidades, como aconteceu em Ovar e sublinhou que a resposta a epidemia vai ser uma combinação de várias medidas.
Dos mais de 1200 doentes detetados no país, 15% estão em estado grave ou crítico, até aqui hospitalizadas nas unidades definidas para dar resposta em primeira e segunda linha. 35 pessoas estão nos cuidados intensivos. O São João, no Porto, o Curry e Santa Maria são os hospitais com mais doentes.
Existem 1059 a aguardar os resultados das análises laboratoriais e 13155 pessoas sob vigilância pelas autoridades de saúde. Em Portugal, já cinco pessoas recuperaram da infeção que provocou a morte de mais de mil pessoas em todo o mundo.