Foi ainda no início deste mês que Boris Johnson disse que continuava a dar apertos de mão em toda a gente, incluindo num hospital em que tinha estado em que “havia na verdade alguns pacientes de coronavírus”. “Apertei as mãos a toda a gente”, dizia. “Continuo a dar apertos de mão”. Era o dia 3 de março e o primeiro-ministro britânico dizia, citado pelo Guardian: “Temos um NHS [sistema nacional de saúde britânico] fantástico, sistemas de teste fantásticos e uma vigilância fantástica do alastrar da doença… Quero sublinhar à vasta maioria das pessoas deste país que devemos seguir as nossas vidas como o habitual”.
Entretanto, à medida que se multiplica o número de casos diagnosticados e com o Reino Unido como quarto país europeu com mais mortes registadas (335, no balanço desta segunda-feira), a sua postura foi-se alterando. E na noite desta segunda-feira dirigiu-se aos britânicos para ordenar que se mantenham confinados às suas casas.
O conjunto de restrições anunciado, com efeito imediato e duração de três semanas, assemelha-se às que têm vindo a ser impostas na maior parte dos países europeus. Os britânicos poderão sair de casa para se deslocarem ao supermercado ou à farmácia, para fazerem exercício físico (a não ser que acompanhadas de membros do agregado familiar, deverão fazê-lo sozinhas), para se deslocarem a unidades de saúde ou para o auxílio de pessoas em situação mais vulnerável, ou para se deslocarem para o emprego, nos casos em que o teletrabalho não seja possível.
Passa a estar proibida a aglomeração de mais de duas pessoas em locais públicos, com exceção apenas para indivíduos do mesmo agregado familiar. E Boris Johnson avisou que os incumprimentos serão punidos. "Se não cumprirem as regras, a polícia vai ter os poderes para as impôr, através de multas e da dispersão de aglomerações de pessoas”, avisou.
Além das restrições à circulação, e também à semelhança do que vem sendo determinado noutros países, os espaços comerciais de bens não-essenciais serão encerrados.
O conjunto de medidas foi justificado com o galopar dos números (de infetados e de mortos). “Se muitas pessoas adoecerem ao mesmo tempo, o NHS não conseguirá lidar com a situação. É vital abrandar a propagação da doença”.