O estado de emergência foi decretado e a vida dos portugueses vai mudar radicalmente. Mas o Governo, sexta-feira, decidiu o que se poderá manter aberto ao público. Minimercados, supermercados, hipermercados, peixarias, frutarias, talhos, padarias e as bancas alimentares de mercados. Também as clínicas veterinárias terão de estar abertas, bem como as lojas de vendas de animas. Para que a vida não seja só desgraças, as floristas vão poder continuar abertas. Outras das novidades do decreto publicado, sexta-feira, diz que os estabelecimentos de lavagem e limpeza a seco de têxteis e peles, drogarias, lojas de ferragens e de material de bricolage poderão funcionar. As oficinas de automóveis também são consideradas de utilidade pública e, como tal, estarão de portas abertas. A venda e reparação de eletrodomésticos, equipamento informático também não vão fechar portas. Os hotéis poderão continuar a servir comida e bebidas aos seus clientes. E para que não lhe falte informação, as papelarias e os quiosques poderão continuar a vender jornais e os jogos de sorte e azar. O diploma foi ontem mesmo assinado pelo Presidente da República e entra em vigor às zero horas deste domingo, dia 22.
ÁGUA
A EPAL decidiu suspender, temporariamente, os cortes de água, no seguimento da situação de estado de alerta que o país atravessa devido à pandemia. A empresa pede ainda aos clientes que evitem ao máximo deslocações, recordando que têm ao dispor uma linha telefónica de atendimento, a aplicação mobile e website, onde poderão resolver qualquer questão.
ÁLCOOL
Não se deve beber álcool nas ruas e muito menos num grande aglomerado de pessoas. Além disso, não é aconselhável para quem está em isolamento voluntário. Deve adotar-se um estilo de vida saudável e não optar também pelo tabaco. O exercício físico em casa é altamente recomendado.
ALOJAMENTO LOCAL
Face à falta de turistas e perante as desistências de reservas, a Associação do Alojamento Local (ALEP) em Portugal e o Grupo Alojamento Local Esclarecimentos estão a trabalhar com entidades oficiais para a criação de um plano de cedência de alojamentos a profissionais de saúde que estejam envolvidos no combate ao Covid-19. O plano de cedência pretende garantir uma gestão responsável, eficaz e segura de todo este processo.
APOIO FINANCEIRO
O Governo anunciou uma linha de crédito de três mil milhões de euros, destinada aos setores mais atingidos pelo impacto da covid-19. Do total, 600 milhões de euros destinam-se à restauração e similares, dos quais 270 milhões de euros são para micro e PME. O turismo e agências de viagens terão 200 milhões de euros, 75 milhões para micro empresas e PME, enquanto os hotéis e empreendimentos turísticos terão 900 milhões de euros, 300 milhões para micro e PME. Já a indústria extrativa, têxtil, vestuário, extrativas e madeira contará com uma linha de 1300 milhões de euros, dos quais 400 milhões para as micro e PME.
AVIAÇÃO
O setor não foi apenas afetado pela pandemia – paralisou por completo. O encerramento de fronteiras levou ao cancelamento de viagens; e as companhias aéreas perderam milhões de passageiros. A crise não tem precedentes e, segundo as estimativas iniciais, vai resultar em perdas de 113 mil milhões de dólares em 2020. As contas da Associação Internacional de Transporte Aéreo fazem adivinhar consequências dramáticas para o setor: o cenário de falências e perdas de postos de trabalho é bem real.
BANCA
A maioria dos bancos anunciaram o funcionamento à porta fechada ou atendimento presencial «em caso de necessidade absoluta». Mas ainda à espera que seja aprovada uma moratória, os vários bancos vão anunciando medidas avulsas. A CGD permitirá o adiamento até seis meses do pagamento da prestação do crédito seja de habitação ou pessoal, mas irá avaliar «a eventual carência de capital até seis meses, mediante pedido dos clientes e em condições de simplicidade de acesso». O banco público adotou também medidas de flexibilização para o pagamento de créditos pelas empresas.
Já o BPI lançou um pacote de medidas no valor de 200 milhões de euros para apoiar as empresas cuja atividade se encontra afetada pelos efeitos económicos resultantes da pandemia de covid-19.
Por seu lado, o Santander com vista a apoiar empresas e pessoas no objetivo de minimizar os efeitos da covid-19, adotou um conjunto de novas medidas extraordinárias e temporárias para negócios. Para todos os comerciantes, a instituição bancária vai suspender a cobrança da mensalidade dos POS e isentar a aplicação de um valor mínimo sobre as transações efetuadas. Já no que diz respeito ao apoio às transações ‘sem contacto’ suspende também a cobrança de todas as comissões do serviço MBWay no POS.
O BCP também optou por abolir o montante mínimo por transação multibanco em terminais de pagamento automático (TPA) através da rede multibanco.
Já o Montepio avançou com a duplicação conta ordenado, permitindo aos clientes a possibilidade de duplicarem o plafond da conta ordenado, além da condição normal de que dispõem. Ao mesmo tempo, assiste-se ao aumento do limite do cartão de crédito.
Para as empresas é lançada uma linha de curto prazo, com maturidade até seis meses, para ajudar as micro, pequenas e médias empresas, a fazer face a dificuldades de tesouraria momentâneas.
BEBÉS
Nas maternidades foram restringidas as visitas aos recém-nascidos devido à pandemia e nos hospitais as visitas foram suspensas. As grávidas, por exemplo, são um dos grupos de maior risco, à semelhança dos idosos, que têm medidas definidas pelo Governo.
BARES
Os bares estão encerrados. Esta foi uma das medidas decretadas pelo Governo por causa do estado de emergência em Portugal. Os restaurantes também se encontram fechados.
BURLAS
Estão a ser investigados esquemas fraudulentos. Ataques cibernéticos relacionados com o novo coronavírus, bem como a oferta de serviços por parte de falsos profissionais de saúde e de operadoras de telecomunicações, estão sob investigação. PJ, GNR, PSP, ASAE e DECO já alertaram os portugueses e pedem cuidado.
CALOR
O calor afasta a propagação do novo coronavírus, que alastra mais facilmente em zonas húmidas e frias. Por isso, as temperaturas amenas em Portugal podem fazer com que haja menos propagação, ao contrário do que acontece em países mais frios.
CASAMENTOS
As relações entre casais podem deteriorar-se, por estarem constantemente em contacto. Por isso, o mais indicado é criar rotinas como se fosse para o trabalho e não deixar que a inércia tome conta do dia-a-dia. No caso de haver filhos em comum, é fundamental brincar com eles e criar estratégias dinâmicas para passar o tempo de uma forma estável psicologicamente. Ter também ideias inovadoras com o parceiro e aumentar a atividade sexual, em segurança, são dois fatores importantes para manter a estabilidade emocional. Mas, acredita-se, muitos divórcios serão decretados depois do período de quarentena.
CASAS
Os preços das casas principalmente nas grandes cidades, como Lisboa e Porto, irá assistir a uma redução de preços. «Neste momento, a preocupação das pessoas com a questão da doença faz com que coloquem, por exemplo, a decisão de compra de um ativo em segundo lugar, mas isso até é compreensível», diz o presidente da APEMIP.
O cenário ganha novos contornos com o adiamento das escrituras. «Há milhares de portugueses que fizeram reservas de imóveis e firmaram contratos promessa de compra e venda nas últimas semanas e que poderão estar a viver hoje um verdadeiro drama, pois estão dependentes da realização da escritura de venda da sua actual casa, para que aqueles processos possam ser concluídos. É um efeito dominó que poderá arrastar para situações, em alguns casos, insustentáveis milhares de famílias», alerta Manuel Braga, CEO da Imovendo.
CONTÁGIO
O contágio da covid-19 pode acontecer através das vias respiratórias, por contacto físico ou então através de superfícies contaminadas. É importante, por isso, perceber que se deve colocar o braço à frente da boca no caso de se espirrar ou tossir. São essas gotículas expelidas que vão contaminar os outros. Estas gotículas podem estar presentes no ar ou sobre superfícies contaminadas, como as maçanetas das portas, botões de elevadores e outros objetos, bem como no rosto ou nas mãos.
CONCERTOS
O número de concertos adiados ou reagendados devido à pandemia não pára de aumentar. A medida começou a ser aplicada pelos promotores e artistas ainda antes de ser decretado o estado de emergência, fazendo eco à necessidade de evitar ajuntamentos. A banda britânica Metronomy, por exemplo, deveria ter atuado no Coliseu de Lisboa esta semana, mas o espetáculo foi reagendado para dia 7 de setembro. Já os concertos de Snarky Puppy, marcados para o Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, a 22 de março e para o Coliseu do Porto a 24 de março, foram cancelados, a títulos de exemplo.
CORREIOS
As lojas CTT vão passar a fazer atendimento à porta fechada. A empresa quer minimizar a permanência de clientes em loja e garantir o distanciamento entre cada um, pelo que apenas poderá permanecer na loja quem estiver a ser atendido. Os CTT dizem ainda que os horários das lojas estão em permanente atualização no seu site e nota que aquelas que permanecerem abertas «terão um período de encerramento à hora de almoço, das 12h30 às 14h30, permitindo a limpeza de todos os espaços de forma mais profunda».
Os trabalhadores vão poder usar máscara, luvas e gel desinfetante no atendimento aos clientes e será colocada uma fita colorida sinalizadora no chão por forma a manter a distância de segurança entre ambos.
Para já, há 18 lojas fechadas: Santo António dos Cavaleiros, Caxinas (Vila do Conde), Olhos de Água (Sines), Buarcos (Vila), Boavista (Oaz), César, Espargo, Travessa (São João da Madeira), Arcozelo (Vila Nova de Gaia), Mesão Frio, S. Pedro da Cova (Gondomar), Vila Nova de Foz Coa, Cantarias (Bragança), Santa Tecla (Braga), Parque (Matosinhos), Praia (Póvoa de Varzim) e Gil Eanes (Portimão).
DIVÓRCIOS
A taxa de divórcios poderá subir significativamente em Portugal, uma vez que o isolamento voluntário coloca os casais debaixo do mesmo teto 24 sobre 24 horas, no caso de serem cumpridas as medidas preventivas do Governo. De acordo com vários psicólogos, os casais com relações menos sólidas e mais duradouras sofrem um pouco mais. Em Xi’an, na China, a taxa de divórcios disparou para números nunca antes vistos.
EMPRESAS
Muitas empresas podem vir a enfrentar grandes crises com o vírus. Segundo a Fixando, a pandemia pode, em três meses, provocar perdas de 47 mil milhões de euros nas pequenas e médias empresas (PME) portuguesas, valor que corresponde a uma perda superior a 80%. O Governo já anunciou linhas de crédito até até mil milhões para empresas. No entanto, o valor pode não ser suficiente para o elevado número de perdas.
O que é certo, é que ainda antes de ter sido decretado o estado de emergência foram surgindo empresas a anunciar o fecho de portas: desde a FNAC à dona da Zara, passando pelo IKEA, entre muitas outras empresas.
ESCOLAS
Nem todos os alunos têm acesso aos mesmos meios. E as escolas e professores têm sentido nesta altura uma maior dificuldade em garantir o contacto com todos os alunos, especialmente com os mais «carenciados ou vulneráveis», referiu esta sexta-feira o Ministério da Educação. «Durante a crise de pandemia que atravessamos e tendo em conta o seu impacto, é importante relembrar que a democracia continua. Um estado democrático é aquele que garante direitos fundamentais a todos», disse o Ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues, que estabeleceu novas propostas de ensino. Enviar aos alunos fichas de trabalho através dos CTT, ou articular com as forças de segurança, que promovem o Programa Escola Segura, um acompanhamento de proximidade, são algumas das propostas.
EXAMES NACIONAIS
O Ministério da Educação criou instrumentos para que a inscrição nas provas e exames nacionais possa ser feita a partir de casa nos ensinos básico e secundário. Os alunos vão ter de «descarregar, preencher e enviar» um boletim de inscrição, para o correio eletrónico disponibilizado por cada uma das escolas, até 3 de abril e não 24 de março, data que estava inicialmente agendada.
EXPOSIÇÕES
Os museus e monumentos nacionais, salas de exposições e de conferências foram formalmente encerrados após ser decretado o estado de emergência. Antes disso, porém, algumas instituições como a Gulbenkian ou Serralves já tinham decidido fechar portas. Por isso, nos próximos tempos, exposições só… online.
FÁBRICAS
Os fabricantes automóveis em Portugal estão a suspender temporariamente a sua atividade. Primeiro foi o grupo PSA a anunciar que ia encerrar a sua unidade em Mangualde. Mais tarde, foi a vez da Autoeuropa ao garantir que vai suspender todos os turnos de produção de veículos até ao dia 29 de março, com efeito imediato. O mesmo cenário repete-se na Renault Cacia, em Aveiro, ao revelar que vai cessar a atividade até ao final de março. Também a Toyota e a Mitsubishi Fuso Truck Europe seguiram o mesmo exemplo.
Já a multinacional alemã Continental anunciou o encerramento definitivo da fábrica que opera em Palmela, onde produz maxilas de travões dianteiros e emprega 370 pessoas, até ao final do próximo ano.
FARMÁCIAS
As farmácias fazem parte do lote de estabelecimentos que se mantêm abertos para satisfazer as necessidades da população. No entanto, existem farmácias de norte a sul do país que estão com falta de material de proteção, nomeadamente de máscaras e álcool ou gel desinfetante. Além das farmácias, as padarias, mercearias, supermercados e bombas de gasolina também estão abertas por serem essenciais para o dia a dia.
FESTIVAIS
Os promotores dos maiores festivais do país têm evitado fazer premonições sobre o estado das coisas no verão, mas a pandemia já começou a fazer vítimas. O Festival MIL – Lisbon International Music Network, que deveria acontecer no final do mês em Lisboa, foi cancelado. O Festival Tremor: Ponta Delgada, nos Açores, também não irá acontecer. Álvaro Covões, responsável pelo NOS Alive, acredita que até julho a situação estará regularizada e garante que ainda não recebeu nenhum cancelamento por parte dos artistas até agora confirmados nesta edição. Lá fora, o festival Coachella, na Califórnia, foi adiado para outubro. Já o Tomorrowland, na Bélgica, e o Glastonbury, no Reino Unido, foram cancelados.
GASOLINEIRAS
As gasolineiras vão continuar abertas, sendo um bem essencial uma vez que há várias pessoas que continuam a trabalhar. No entanto, muitas, como é o caso da Cepsa que está neste momento a atender todos os clientes em Portugal e Espanha através da modalidade de self-service. Além disso, os preços dos combustíveis têm registado quebras históricas.
GEL DESINFETANTE
De norte a sul do país, há farmácias que já não têm à venda gel desinfetante, que se tem tornado muito importante para a prevenção do novo coronavírus. No entanto, quando utilizado, é importante aplicar bem e corretamente. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos explicou que é necessário cobrir totalmente todas as superfícies das duas mãos com o gel e esfregá-las até que sequem. No entanto, o gel antibacteriano não é suficiente, é importante lavar as mãos com água e sabão.
GOVERNO
O Executivo reuniu, pelo menos, três vezes em 72 horas. A voracidade da crise levou a ministra da Saúde, Marta Temido, a deixar de participar nos últimos dois dias nas conferências de imprensa diárias com a Direção-Geral de Saúde. Hoje estará de volta. O primeiro-ministro, António Costa, criou, aliás, um gabinete de crise composto por todos os ministros de Estado, a ministra da Saúde, o ministro da Administração Interna e o ministro da Defesa. A ordem é para acompanhar tudo ao minuto numa crise sem data prevista para terminar.
HOTÉIS
O setor hoteleiro está a ser um dos mais afetados e, segundo as contas da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), a quebra de receitas pode atingir entre os 500 milhões e os 800 milhões de euros até ao final do primeiro semestre deste ano. O cenário não é mesmo animador: a juntar aos cancelamentos de reservas há também uma quebra das reservas futuras. No final do ano, a perda total para a hotelaria deverá ser de 20%. No entanto, a associação mostra-se satisfeita com as medidas do Governo. Por outro lado e apesar de considerar que as medidas do Executivo são positivas, a Associação de Hotelaria e Restauração (AHRESP) defende que é necessário ir mais longe, principalmente no apoio direto às tesourarias das empresas.
IGREJAS
Maior parte das igrejas anteciparam-se às medidas do Governo e decidiram não realizar missas, batizados ou casamentos. Em alternativa, é possível assistir às celebrações religiosas através do computador ou da televisão. O Patriarcado de Lisboa disponibiliza no seu site os horários das missas realizadas em Lisboa, Fátima ou Ericeira. O terço também faz parte da lista.
ISOLAMENTO
O Governo dividiu o isolamento por três grupos de pessoas e apenas é obrigatório para aqueles que estão infetadas ou sob vigilância ativa, determinada pelas autoridades sanitárias. Se este isolamento não for cumprido, está em causa o crime de desobediência. Já os grupos de risco reconhecidos pela autoridade da saúde – pessoas com mais de 70 anos ou com morbilidade – têm um «dever especial de proteção». O isolamento não é obrigatório, mas estas pessoas só devem sair para ir ao supermercado, passeios curtos, centro de saúde, ou para passear os animais de companhia. Aos restantes cidadãos, compete o dever de recolhimento domiciliário, evitando deslocações desnecessárias.
JOGOS DE SORTE
Os jogos da Santa Casa podem continuar a ser jogados nos locais habituais (tabaqueiras, quiosques e gasolineiras), caso estejam abertos. Caso contrário, terá de recorrer via online.
KFC – (CADEIAS DE FAST-FOOD)
As principais cadeias de fast food em Portugal continuam a operar, algumas recebendo clientes nos seus restaurantes, outras cumprindo apenas entregas ao domicílio, tal como até aqui. A Ibersol – empresa que gere em Portugal as marcas KFC, Burger King, Pans & Company, Pizza Hut e Pasta Caffé – mantém os seus espaços abertos, embora admita fechar portas, a exemplo de Espanha, onde a esmagadora dos seus espaços foram encerrados e os contratos dos trabalhadores suspensos. Já o McDonalds encerrou mesmo os seus espaços em Portugal, optando apenas pelos serviços McDrive (sem acesso às lojas) ou McDelivery (de entregas ao domicílio). Neste caso, foram introduzidas novas regras nas entregas de forma a minimizar os contactos pessoais.
LAY-OFF
O lay-off é, nada mais, nada menos do que a redução temporária do período normal de trabalho ou na suspensão dos contratos de trabalho devido à impossibilidade temporária parcial ou total. E há várias empresas a usá-lo para conseguir fazer face à pandemia. No entanto, o regime de lay-off pode significar cortes nos vencimentos. Quem decide se a pessoa tem ou não de trabalhar é o empregador. E o trabalhador só vai receber dois terços da remuneração bruta, um montante que é financiado em 70% pela Segurança Social, sendo que os restantes 30% são pagos pela empresa, que fica dispensada, além disso, de pagar contribuições à Segurança Social.
LIXO
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) suspendeu a recolha seletiva porta a porta de resíduos, nomeadamente vidros, papel e plástico. Já os resíduos indiferenciados a ser recolhidos três vezes por semana.
LUZ
A EDP Comercial vai deixar de realizar cortes de luz. Ao mesmo tempo, vai permitir maior flexibilidade para que os clientes paguem as faturas da eletricidade. A O mesmo exemplo foi seguido pela Endesa, que também anunciou a suspensão de todos os cortes de luz e gás programados devido a falta de pagamento, dadas as dificuldades que os clientes possam ter no cumprimento das obrigações, devido aos efeitos da covid-19. Já a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) tinha fixado «condições excecionais” de prestação dos serviços de fornecimento de energia, de modo a evitar interrupções de fornecimento de eletricidade, gás natural e gases de petróleo liquefeito (GPL) canalizados».
LIVRARIAS
A FNAC resolveu fechar os seus espaços comerciais no final do dia de quarta-feira, mas mantém com horário e serviços reduzidos o acesso a sete lojas «para conseguir dar respostas a situações excecionais», esclarece a empresa, sublinhando que, ainda assim, o acesso às lojas é «restrito». Já a Livraria Bertrand fechou as lojas de rua mas mantém, por ora, as livrarias em centros comerciais. Ao SOL, a livraria disse que «aguarda a publicação do decreto governamental sobre as medidas adicionais» anunciadas por António Costa e que a partir daí, juntamente com a administração dos centros comerciais, decidirá quais os estabelecimentos comerciais que devem permanecer abertos.
MÁSCARAS
A compra de máscaras disparou na última semana e são já raras as farmácias que ainda têm este material para vender. E há muitas dúvidas quanto ao seu uso na rua: Se, por um lado, os chineses usam sempre máscara, a Direção-geral da Saúde e a Organização Mundial de Saúde têm alertado para que usem máscara apenas as pessoas que suspeitam estar infetadas ou que prestem cuidados aos infetados. «De acordo com a situação atual em Portugal, não está indicado o uso de máscara para proteção individual», refere a autoridade da saúde na sua página, acrescentando que «o uso de máscara por indivíduos sintomáticos é fortemente recomendado em todas as fases da epidemia». Além dos hospitais, onde têm faltado máscaras, também outras associações, como a que apoia os diabéticos, precisam de material de proteção. Aliás, esta associação fez esta semana um apelo para conseguir máscaras de forma a poder continuar a ajudar os doentes.
MORATÓRIA
O ministro das Finanças prometeu uma adequação das responsabilidades do sistema bancário à situação atual. Mas deu como exemplo, algumas das medidas que já estão a ser implementadas pelos principais bancos (ver banca). Itália deu o pontapé de saída ao anunciar que os pagamentos das prestações do crédito à habitação serão suspensos em todo o território italiano devido à propagação da covid-19, o exemplo foi seguido por Espanha.
MILITARES
Em caso de ameaça grave à segurança do país, e após pedido das Forças de Segurança, os militares portugueses têm de prestar apoio. Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas fez um apelo a todos os médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos e técnicos auxiliares de ação médica que pertença à família militar que se voluntariem para ajudar no combate à pandemia.
NOITE
Não há bares nem discotecas durante os próximos tempos. Antes de ser declarado estado de emergência, António Costa já tinha determinado o encerramento das discotecas, por serem locais onde se junta muita gente, mas muitos espaços tinham já tomado essa decisão por deliberação interna. Da lista de estabelecimentos encerrados fazem também parte casas de fado, salões de jogos, tabernas, adegas e festas populares.
OFICINAS ABERTAS
Se surgir algum problema com o carro, há solução: As oficinas de reparação automóvel vão permanecer abertas. Isto, porque o executivo de António Costa considerou que estes são espaços de essenciais ao normal funcionamento económico e social do país.
OBRAS
O setor da construção também será afetado com a pandemia e as empresas do setor exigem medidas para contornar os prejuízos. O setor estima impacto inicial de cerca de 500 milhões de euros na sequência da paralisação da atividade e o volume de negócios pode cair até 1,77 mil milhões de euros, estimam a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) e a Associação de Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS). Já a AICCOPN estima que o cancelamento de mais de 680 eventos devido ao covid-19 vai colocar em risco dois mil postos de trabalho e ameaça a atividade que fatura 300 milhões de euros por ano.
PARLAMENTO
As reuniões plenárias vão decorrer uma vez por semana e com 1/5 dos deputados presentes na Sala das Sessões. Esta foi a última decisão da conferência de líderes. Isto significa que só estarão no Hemiciclo 46 deputados, distribuídos com a devida distância. Mas, os demais parlamentares têm estar no Parlamento e fazer login no sistema para assinalar que estão presentes. Só têm dispensa – e falta justificada os deputados que tenham doenças de risco, face à Covid-19, ou já não consigam estar em Lisboa, como é o caso dos eleitos pelos Açores e Madeira. A Assembleia da República reduziu de três para um, o número de plenários semanais. Contudo, esta segunda-feira, está agendada a Conferência de Líderes, onde podem ser decididas novas regras no funcionamento.
PADARIAS
O Governo decretou o encerramento de estabelecimentos de atendimento, mas as padarias fazem parte da lista das exceções e, por isso, vão continuar de portas abertas. Aliás, disse o executivo que estes espaços «podem e devem manter-se abertos», uma vez que vendem bens essenciais ao dia-a-dia das pessoas.
PAGAMENTOS
Para evitar o pagamento em dinheiro assistiu-se ao aumento para 30 euros o máximo dos pagamentos por contactless, em vez dos atuais 20 euros.
PAPELARIAS
Por serem estabelecimentos especializados no «comércio a retalho de jornais, revistas e artigos de papelaria», conforme refere o Governo no despacho emitido, as papelarias vão continuar abertas. O Conselho de Ministro considerou as papelarias como espaços de aquisição de bens essenciais.
PROSTITUIÇÃO
Numa altura em que é exigido aos cidadãos portugueses distanciamento social, as páginas de classificados continuam a estar repletas de anúncios relacionados com a prostituição.
QUARENTENA
A partir de segunda-feira, quem entrar em Portugal é obrigado a ficar em quarentena durante 14 dias. A medida foi anunciada pela diretora-geral da Saúde Graça Freitas esta sexta-feira e o isolamento profilático deve contar a partir do dia de chegada ao país.
RESTAURANTES
Os restaurantes vão estar fechados, a única exceção é para quem serve take-way. A Associação de Hotelaria e Restauração considera que as novas medidas aprovadas pelo Governo para combater os efeitos da covid-19 «são positivas», mas entende que é necessário ir mais além, sobretudo no apoio direto à tesouraria das empresas, defendendo que é necessário um apoio direto «rápido e simplificado à tesouraria das empresas».
SUPERMERCADOS
Em tempos de pandemia, os supermercados tornaram-se o novo El Dorado da população, que procura que nada falte nas longas horas de recolhimento. As regras estão estabelecidas: horários encurtados, períodos exclusivos para idosos e pessoal de saúde e segurança, e acessos limitados quanto ao número de clientes. Tudo para evitar o contágio. Os supermercados vão continuar abertos, cumprindo as regras e contando com o esforço incansável que as suas equipas de trabalho têm demonstrado perante a afluência do público.
SEGURADORAS
As seguradoras esclarecem: «A declaração oficial de pandemia não determinou, por si, qualquer alteração no normal funcionamento destes seguros e assim continuarão a ser pagas as prestações contratualmente devidas». A Associação Portuguesa de Seguradores garantiu que as suas associadas vão suportar os custos de testes de diagnóstico à covid-19, mediante prescrição médica, e que a generalidade dos contratos de seguros de trabalho (mesmo para quem está em teletrabalho) e de vida «não excluem qualquer exclusão das coberturas» por efeitos da pandemia.
TALHOS
À semelhança daquilo que foi decretado para as padarias, continua a ser possível comprar carne no talho, uma vez que estes estabelecimentos vendem bens essenciais. Para ajudar as pessoas a encontrar os talhos, padarias ou mercearias mais próximas, foi criada uma aplicação – a Go Small or Stay Home – para ajudar as pessoas a evitar grandes deslocações.
TELECOMUNICAÇÕES
A Meo, a Nos e a Vodafone Portugal decidiram unir esforços e apresentaram ao Governo um plano para minimizar os impactos da pandemia do novo coronavirus em Portugal. As operadoras garantem que «têm vindo a reforçar a capacidade das suas redes, de modo a orientar essa capacidade para a geografia onde os utilizadores passaram a estar, mais nas suas residências, e menos nos centros de escritórios e empresariais».
Ao mesmo tempo,, garantem que «as redes já estão dimensionadas para suportar as horas de pico e também estão preparadas para responder a um acréscimo de tráfego, nomeadamente residencial». Mas ainda assim, admitem que «é essencial realizar uma utilização responsável da internet e de acordo com as melhores práticas, de modo a prevenir eventuais congestionamentos das redes e a perturbação dos serviços de comunicações eletrónicas essenciais para as comunicações interpessoais (voz e SMS), para o ensino e trabalho à distância».
A Anacom também anunciou a suspensão do leilão 5G por tempo indeterminado.
TELETRABALHO
A experiência é nova para a maioria dos profissionais em Portugal. Conciliar o horário de trabalho com a sua realidade doméstica – partilhando o espaço com as respetivas famílias, em alguns casos – é um desafio que se coloca a quem, nesta fase, exerce a sua atividade em teletrabalho, num esforço suplementar para manter as empresas em funcionamento. Um desafio que se coloca: a gestão de viver várias vidas ao mesmo tempo; à mesma hora e no mesmo local. E até há quem já se questione podermos estar perante uma alteração de paradigma a ter em conta no futuro.
TRANSPORTES
Metros gratuitos em Lisboa e no Porto. Autocarros com acessos pelas portas traseiras. E lotação reduzida. Os transportes públicos não param mas, na maioria dos casos, as regras alteraram-se. O número de passageiros viu-se reduzido a quem ainda tem de se deslocar, mas, ainda assim, várias entidades acentuaram as medidas de prevenção, higienização e desinfeção dos veículos, de forma a torná-los locais seguros – o Metro de Lisboa e a CP – Comboios de Portugal já aplicam um produto que tem a duração de um mês. As recomendações são claras: mantenha a distância de um metro do companheiro de viagem e evite tocar em superfícies.
TEATRO
Os Teatros também se encontram na lista de equipamentos encerrados. Para fazer face a um fecho que trará certamente muitas dificuldades financeiras, as companhias e equipamentos artísticos estão a começar a reorganizar-se e a oferecer soluções fora da caixa, como é o caso de espetáculos em streaming. O Teatro Aberto e o Teatro Nacional D. Maria II são dois dos espaços que já deram este passo.
UBER
A Uber não interrompeu a sua atividade, nem prevê fazê-lo. Os automóveis TVDE continuam a circular pelas cidades. E embora a empresa não o confirme, o número de motoristas disponíveis na aplicação e de passageiros caiu a pique. Naturalmente. Mas nem por isso o tempo de espera pelo serviço aumentou. A nível mundial, a Uber estima uma redução de 80% das suas viagens. Mas também garante ter liquidez para aguentar com o impacto – declaração que valeu uma valorização de 43% das ações da empresa nos últimos dias. Nesta fase, a Uber Eats tem dado uma ajuda, transportando um aumento no número de refeições entregues nas casas (ou à porta) dos clientes. E até retirou a taxa de entrega em pedidos feitos de segunda a sexta-feira, entre as 11h e as 15h. Falta perceber, a partir daqui, as consequências do encerramento de vários restaurantes.
UNIÃO EUROPEIA
A pandemia da covid-19 está a afetar muitos países da União Europeia. Este será um teste muito maior ao futuro do projeto europeu, iniciado no pós-II Guerra Mundial. Já foram aliviadas as regras do défice, e a ordem é para cada país injetar dinheiro como conseguir, para salvar pacientes, mas também as suas economias. Porém, as medidas tomadas no últimos dias, consideradas sem precedentes, podem não chegar. E com o regresso de fronteiras, para travar contágios, há quem tema que o projeto possa vir a ficar comprometido.
VACINAS
China e Estados Unidos são os dois países mais avançados no desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus. No Estados Unidos, as vacinas já começaram a ser testadas em humanos e 45 voluntários participaram nos testes. Também esta semana, a China avançou que já foram autorizados testes em humanos, não sendo, no entanto, seja conhecida a data de início dos ensaios. Apesar dos avanços, os especialistas consideram que são necessários cerca de 18 meses para perceber se a vacina funciona, estimando-se que a vacina só esteja pronta para ser comercializada daqui a um ano.
X – INCÓGNITAS
será que o tempo mais quente pode desacelerar a pandemia de coronavírus? É incerto. Muitas doenças respiratórias comuns, como a gripe, de facto espalham-se mais depressa nos meses frios e húmidos de inverno. Mas é demasiado cedo para saber se a covid-19 se comportará assim: antes de meados de novembro não a conhecíamos. Além disso, dado o rápido ritmo de mutação dos vírus, este poderá adaptar-se a temperaturas mais altas. O ponto positivo é que, acabados os surtos sazonais de gripe, os sistemas de saúde poderão estar menos sobrecarregados para lidar com a avalanche de casos de coronavírus.
ZOOS
Visitar o zoo pode ser uma boa maneira de passear com a família, mas não durante uma pandemia: o Jardim Zoológico de Lisboa está fechado ao público desde 9 de fevereiro. «A alimentação e tratamento dos nossos animais, assim como a manutenção do espaço, estarão assegurados», lê-se no site. O Zoo de Santo Inácio, em Gaia, também fechou portas, esta semana, pelo menos até 9 de abril.