Há várias coisas que as marcas podem emprestar a todos os que gerem esta crise, nas suas várias vertentes. Em primeiro lugar, poucas entidades têm tanta informação e conhecimento sobre a população. É essencial para qualquer atividade comercial, conhecer o comportamento do consumidor, o que torna muito provável que a informação que as marcas possuem dos hábitos e comportamentos da população seja das mais completas que estão disponíveis. Agora, mais do que nunca, é importante conhecermo-nos melhor, para que possamos responder melhor às necessidades de cada um, começando por suprir as necessidades mais básicas dos mais carenciados.
O segundo fator é a capilaridade da rede de pontos de venda de algumas marcas. O retalho alimentar é o exemplo mais visível, com uma presença instalada de norte a sul do país e, mais importante, com uma rede de distribuição implementada, testada e com rotinas de distribuição estabelecidas. Garantir que as pessoas continuam a ter acesso aos produtos e muitos dos serviços que necessitam implica o bom funcionamento desta rede.
Outro aspeto fundamental é a capacidade e experiência das marcas em comunicar com as pessoas. Fruto da experiência, a comunicação é uma atividade fundamental para o sucesso da grande maioria dos negócios, as marcas têm uma enorme capacidade de difundir uma mensagem de forma eficaz. Poucas estruturas têm a capacidade dos departamentos de marketing e comunicação das grandes empresas para definir o que tem que ser dito, como e onde. E as técnicas utilizadas para vender produtos podem, na sua esmagadora maioria, ser utilizadas para informar a população.
Este é um momento crítico para todos e que, certamente, vamos conseguir ultrapassar. Mas é provável que mudemos alguns hábitos, entre os quais a forma como consumimos. A título de exemplo, se o comércio online já era uma realidade para muitas famílias, neste período a importância que lhe é atribuída certamente cresceu exponencialmente. É certo que as estruturas não estão preparadas para um aumento tão significativo da procura, o que tem como consequência a incapacidade de prestar um bom serviço. Mas quem estava? O processo de adoção de novas tecnologias que permitam usufruir de novos canais de relação era gradual, de certa forma lento e de repente muita gente entrou enquanto outros aumentaram a sua frequência de utilização. O sistema não aguentou mas, felizmente, não desistiu.
Fica mal pensar em fazer negócios neste contexto, mas não podemos deixar de o fazer. Parar o circuito do dinheiro é parar a economia, a inovação, o progresso e nenhum país aguenta isso. Além dos pequenos gestos que a maioria tem capacidade de executar, é imperativo que se mantenham as atividades profissionais, a produção e distribuição de bens e serviços. É uma das melhores formas de solidariedade.
Agora que temos mais tempo, estamos mais disponíveis e atentos a todas as mensagens que nos chegam, lemos e ouvimos melhor o que as marcas nos prometem. Não dizem todas o mesmo mas, de um modo geral, todas assumem o compromisso de melhorar a nossa qualidade de vida. Este é a oportunidade de o demonstrarem. Não é o momento de trabalhar o conhecimento ou reconhecimento da sua atividade, mas antes de afirmarem a sua relevância através da perseverança, resiliência e dedicação à causa que todas elegeram: o bem estar das pessoas. Se todas querem essencialmente o mesmo, se todos precisamos delas, é elementar que trabalhem em conjunto, entendendo que relevância é muito mais importante – e traz mais negócio – do que notoriedade. A atividade comercial, incluindo a comunicação, têm que fazer sentido para o período que atravessamos, sob pena virem a não fazer nenhum sentido quando tudo isto voltar ao normal.
Este é um momento em que precisamos que todos deem o seu melhor, que se superem.
Este é o exemplo que muitas marcas têm dado.
Obrigado, bem hajam!