O provedor da Misericórdia de Foz Côa dirigiu este domingo um apelo “desesperado” ao Governo para que os 47 utentes com covid-19 no lar da instituição que se encontra em isolamento depois de ter sido registada a morte de um homem de 99 anos e de outro ter sido internado num hospital da Guarda sejam retirados da instituição e tratados em ambiente hospitalar.
“Há idosos que apresentam sintomas elevados e outros que começam a ficar com os mesmos sintomas. A Direção Geral da Saúde (DGS) insiste que nós deveremos ficar com os idosos que apresentem menos sintomas ao nosso cuidado, o que é inconcebível”, disse à agência Lusa António Morgado.
Segundo o provedor da Misericórdia de Foz Côa, as pessoas infetadas são idosos debilidados que “terão de ser acompanhadas num hospital”. A sua luta, acrescenta, é “fazer perceber ao Ministério da Saúde que um lar não é um hospital” e que a Misericórdia de Foz Côa não dispõe “de recursos humanos para fazer cuidados, já que, numa equipa de cerca 30 pessoas, mais de metade [17] também deram positivo para o vírus”.
Além dos profissionais de saúde, 47 dos utentes do Lar de Idosos da Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa foram já diagnosticados com covid-19. Apenas para 11 o resultado deu negativo. Esses 11, serão isolados com o apoio da própria autarquia noutras instalações municipais.
Dos outros, alerta António Morgado, que garante que o plano de contingência foi acionado na instituição a 12 de março, “muito antes de proliferação do surto da covid-19”, só será possível cuidar com o apoio do Governo, conforme explicou ainda à agência Lusa, adiantando que o apoio solicitado ao centro de saúde local foi recusado. “Sem recursos é praticamente impossível tomar conta dos idosos contaminados, seja qual for o grau de evidências do covid-19. Tempos pessoas acamadas com 70, 80 e 90 anos e que necessitam de tratamento diferenciado que nesta altura não podemos dar”.