Depois de a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, ter admitido, esta segunda-feira, que está a ser ponderada a criação de um cerco sanitário na região do Grande Porto, onde existem mais casos no país, a autarquia do Porto lançou um comunicado onde disse que tal medida é "absurda" e diz que por mais que a DGS decida que o cerco deve ser montado a autarquia não irá acatar com a decisão e por isso "deixa de reconhecer autoridade à senhora Diretora Geral da Saúde, entendendo as suas declarações de hoje como um lapso seguramente provocado por cansaço", pode ler-se no comunicado.
Apesar de Graça Freitas ter admitido, durante a conferência de imprensa, estar em contacto com as autoridades regionais, a direção da autarquia ficou surpreendida com a possibilidade da criação de um cerco sanitário na região. "Tal medida, absurda num momento em que a epidemia de covid-19 se encontra generalizada na comunidade em toda a região e país, não foi pedida pela Câmara do Porto, não foi pedida pela Proteção Civil do Porto e não foi pedida pela Proteção Civil Distrital. Nenhuma destas instituições e nenhum dos seus responsáveis, incluindo o presidente da Câmara do Porto foi contactado, avisado ou consultado pela Direção Geral da Saúde [DGS]", declaram na nota.
"Caso a medida, inútil e extemporânea fosse tomada, tornaria impossível o funcionamento de serviços básicos da cidade, como a limpeza urbana (cuja maior parte dos trabalhadores não reside na cidade), como a recolha de resíduos (cuja LIPOR fica fora da cidade), como o abastecimento e acessos a dois hospitais centrais (Santo António e São João) estariam postos em causa", aponta a autarquia.
A Câmara do Porto não pode, por isso, "concordar com uma medida dessa natureza, baseada em estatísticas sem consistência científica ou fiabilidade, emitidas diariamente pela DGS e cujas variações demonstram a sua falta de credibilidade. Muito menos faz sentido isolar uma cidade quando à sua volta a situação epidemiológica nos concelhos limítrofes é em tudo igual".