Hoje venho escrever-vos sobre ‘os soldados que estão nas trincheiras’. Os médicos, enfermeiros auxiliares de saúde que todos os dias combatem ‘nus’ contra um vírus silencioso e mortal. Sem aviso prévio, foram enviados para a frente de batalha de uma guerra sem equipamento de combate. Todos, sem exceção estão a trabalhar até ficarem infetados e só são substituídos depois de apresentarem sintomas já bastante evidenciados! Não existem médicos suficientes e os que existem são postos a trabalhar até às últimas como soldados que não podem voltar para trás na guerra! Só os profissionais de saúde que estão em contacto com doentes infetados com covid-19 dos cuidados intensivos é que estão devidamente protegidos! Todos os outros, são deixados a um acaso que se afigura muito negro e mortal.
Temos situações absolutamente vergonhosas, em que cirurgiões são postos a circular exatamente pelo mesmo corredor ou ‘circuito’ onde os pacientes infetados com o covid-19 vão fazer a TAC num determinado horário. Um enorme foco de contágio! Portanto os responsáveis pela logística destes hospitais não se responsabilizam pela saúde dos seus médicos? Estes mesmos médicos que são tratados com desdém e que possuem apenas uma máscara para um dia inteiro. Máscara essa, que vão tirar para almoçar e depois vão recolocar. Máscara essa que não é a adequada. Sendo que o sistema de proteção adequado chama-se EPI. No site da direção geral da saúde está escrito isto:
«No setor da saúde os prestadores de cuidados, nomeadamente no tratamento e acompanhamento de doentes, usam múltiplos equipamentos, complementos e acessórios em que o objetivo principal é a proteção da sua saúde, nomeadamente a prevenção de riscos biológicos. Assim, por regra o vestuário de médicos, enfermeiros e auxiliares ação médica é considerado EPI. Por princípio geral, legal e técnico é obrigação dos empregadores fornecer os EPI, garantir o seu bom funcionamento a sua higienização e desinfeção, caso sejam reutilizáveis».Parece-me então bem evidente que os hospitais, ou neste caso o governo (que não fornece aos hospitais) não está a cumprir com estes mesmos requisitos, não só não estão a cumprir como estão a expor os médicos e restantes funcionários a uma situação de perigo iminente! Estes funcionários não precisam de ser utilizados como ‘carne para canhão’!
A pandemia covid-19 que já infetou 2362 doentes, ceifou a vida a 33 pessoas e tem 41 pessoas nos cuidados intensivos parece-me ser das mais mortíferas a que temos assistido! (Estes números vão obviamente subir e muito!). No entanto, continuamos a tapar o Sol com a peneira e até temos o desplante de criar os ‘circuitos da morte’ para os nossos heróis trabalharem! Para quando o equipamento de proteção individual ou (EPI) muito diferente da máscara, utilizado em situações de exposição a material biológico? Espero que para ontem! Aos “heróis da minha nação” as minhas palavras nunca vão ser as suficientes! Só consigo concluir com um «Muito obrigada!».