Nenhum país ou sociedade podem hoje em dia passar à margem deste fenómeno tão rico como é o desporto. Ele está presente nas escolas desde as mais tenras idades até ao patamar universitário. Depois de adultos, é-nos proposto outro tipo de atividades físicas. A terceira idade passou também a ser um alvo prioritário para o incremento da atividade desportiva. Muitos países elegem o desporto como a sua principal força de afirmação no contexto internacional. As grandes competições fazem parar toda a sociedade. Os Jogos Olímpicos são a maior de todas.
Neste cenário o desporto precisou de se posicionar perante a sociedade fazendo valer os seus argumentos como elementos de atração. Se pensarmos bem, estamos perante uma indústria de entretenimento onde a televisão, o cinema, a música, o teatro ou a internet ‘lutam’ pela atenção individual de cada indivíduo. Onde é que as pessoas vão investir o seu tempo de lazer é claramente o objeto de disputa entre estas áreas. Se conseguirmos que as pessoas gastem o seu tempo connosco, provavelmente conseguiremos também que gastem connosco o seu dinheiro…
Numa sociedade tão mediatizada, o desporto também não passa ao lado desta realidade, bem pelo contrário. A maior parte de nós saberá o nome do treinador da equipa de futebol do Manchester City. Poucos saberão o nome do Ministro da Defesa do Reino Unido. Os media vieram maximizar a importância do desporto na sociedade atual contribuindo, decisivamente, para a mistificação dos melhores atletas. Os grandes feitos estão cada vez mais acessíveis a todos. Os grandes ídolos são reconhecidos em qualquer continente.
Todos, diariamente, sentimos a pressão que a globalização exerce sobre nós nas mais variadas atividades rotineiras. Ora o desporto não escapa desta verdade absoluta. A crescente industrialização do negócio do desporto induziu ao novo conceito dos eventos desportivos globais. O maior de todos, os Jogos Olímpicos, arrastaram consigo várias modalidades que foram capazes de produzir mega eventos onde o palco era tão só…o mundo. Os campeonatos mundiais de futebol, a Fórmula 1, o rally Dakar, o circuito ATP de ténis, a volta a França em bicicleta, o circuito PGA de golfe, o circuito mundial de voleibol de praia e tantos outros reduziram a nada as distâncias entre países. Deixou de ser estranho competir na mesma semana em Moscovo e no Rio de Janeiro. As distâncias pouco valem no esforço de fazer cada vez mais e de chegar a mais e mais pessoas, perdão… consumidores.
É neste contexto que recebemos esta semana a notícia do adiamento para 2021 dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Governo Japonês investiu mais de 12 mil milhões de dólares neste evento esperando receber mais de 30 milhões de visitantes. Esperava-se um retorno de mais de dois mil milhões de dólares em turismo, quatro mil milhões de dólares em patrocínios e o mesmo valor em direitos de transmissão televisiva. E foram já vendidos mais de oito milhões de bilhetes para esta edição. Será um enorme desafio para todos manter estes valores em 2021.
Daniel Sá. Especialista em marketing desportivo e diretor executivo do IPAM