O secretário de Estado da Saúde, António Sales, realçou, na conferência de imprensa quarta-feira, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "foi e continua a ser uma das maiores conquistas dos portugueses", e que a linha SNS 24 foi a ferramenta que "mais se transformou" devido à pandemia de covid-19.
"De muito nos vale e nos deve orgulhar o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS), que foi e continua a ser uma das maiores conquistas dos portugueses e uma garantia de que todos temos lugar e ninguém fica para trás", disse Sales, revelando depois que a linha SNS24 atende atualmente mais de 18 mil chamadas por dia, quando antes da pandemia atendia, em média, cinco mil chamadas. "Em março, foram atendidas mais de 300 mil chamadas", avançou o secretário de Estado da Saúde, acrescentando que a linha SNS 24 conta agora com mais de 1.400 profissionais de saúde.
Sales elogiou ainda a oferta de ventiladores e outro material e revelou que o país pretende duplicar a capacidade de ventilação nos próximos dias, lembrando que é preciso estarmos "preparados para o pior e esperar o melhor".
Segundo o secretário de Estado, atualmente há 1.142 ventiladores, 525 nas unidades de cuidados intensivos, 480 nos blocos operatórios e 134 que podem ser ainda utilizados. "Nos próximos dias vamos duplicar esta capacidade", garantiu.
Questionado sobre se o pior já passou ou está para vir, tendo em conta os números dos últimos dias, Sales considerou que “ainda é cedo para avaliar” a situação.
"Será cedo para avaliar a tendência se as medidas de restrição estão as resultar. O grau de incerteza é grande. Ainda é cedo. Estamos disponíveis para não abrandar estas medidas. Foram bem tomadas e tomadas no tempo certo", disse.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde a taxa de letalidade devido à covid-19 é de 2,3%. Acima dos 70 anos, essa taxa é de 9,1%.
Na mesma conferência de imprensa, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, disse que “colocar cidades em confinamento é decidido em função do risco".
"Há duas formas de colocar as pessoas em quarentena. Uma pela avaliação de risco de grupos populacionais pequenos, por exemplo porque foi um contacto próximo de um doente positivo”, começou por explicar. "Diferente é colocar grupos maiores sob confinamento. A medida será tomada em função do risco", afirmou, acrescentando que será a autoridade de saúde que propõe à tutela que se coloquem grupos maiores em confinamento, "seja uma vila, uma cidade, uma região".
Sobre o número de casos notificados, a diretora-geral da Saúde admite que há sempre “um atraso”. “Só entram no radar do sistema de saúde quando procuram os profissionais de saúde. E só entram nas curvas pela data do início dos sintomas. Há de facto um atraso aqui e em todo o mundo. Há três momentos: a data dos sintomas, a data da infeção e a data em que chegam aos profissionais de saúde”, explicou.
Novamente questionada sobre o uso de máscaras, que até então tem sido rejeitado pela responsável, Graça Freitas considerou que se está sempre a aprender e admitiu que as máscaras podem ser usadas por certos grupos em determinados contextos. Contudo, relembra que estas podem dar uma fala sensação de segurança. "A medida número um é o distanciamento social", reiterou.
Sobre a forma como são avaliadas as mortes por covid-19, a diretora-geral de Saúde explicou que há sempre um certificado de óbito, mesmo que a pessoa morra em casa ou num lar. Se um infetado morrer pela doença oncológica de que sofre, a causa de morte será a doença oncológica. No caso da covid-19, se for a última linha que o médico preenche, será a doença que será contabilizada, mas se tiver outro evento terminal, como por exemplo ser atropelado, essa será a causa de morte.
Também José Manuel Boavida, presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, esteve presente na conferência desta quarta-feira, e esclareceu que "não há diferença entre diabetes de tipo 1 e 2 no que diz respeito à covid-19". "Não existe evidência de diferença entre os vários tipos de diabetes", disse.
"Quanto melhor for o controlo da diabetes melhor será o prognóstico", sublinhou.
Recorde-se que há 187 mortes e 8251 casos confirmados de covid-19 em Portugal.