O ritmo do crescimento do número de casos de infeção por covid-19 tem sido mais lento do que aquilo que era expectável e estava definido pelos especialistas. Aliás, inicialmente, o pico da epidemia estava previsto já para este mês, mas tem vindo a ser adiado. Esta quinta-feira, durante a conferência diária, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, alertou para a possibilidade de o pico da epidemia estar ainda longe: “Nós, neste momento, estamos de facto a subir, estamos a fazer tudo para subir mais lentamente, o que quer dizer que podemos estar a diferir o pico para uma data mais tardia”. Esta quinta-feira, o crescimento fixou-se nos 9,5% – com o número de casos positivos a subir de 8251 para 9034.
À semelhança daquilo que acontece com outras epidemias – gripe, por exemplo -, é expectável que só seja possível perceber quando é que o pico é atingido, quando a curva começar a descer. “E, mesmo assim, não é nos primeiros dias de descida, porque às vezes a uma aparente descida volta a seguir-se uma subida”, acrescentou Graça Freitas.Segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde, o maior aumento verifica-se no número de pessoas que estão internadas e nas unidades de cuidados intensivos.
Esta quinta-feira, foram contabilizadas 1042 pessoas nos serviços de internamento – mais 316 do que no dia anterior – e 240 nas unidades de cuidados intensivos – mais dez do que na quarta-feira. Já o número de recuperados aumentou, fixando-se nos 68. O facto de se estar a atrasar o pico da epidemia, explicou Graça Freitas, traz um ponto a favor: permite ao Serviço Nacional de Saúde dar acompanhamento sem entrar em colapso. “O grande objetivo do serviço e do sistema de saúde é conseguir ter numa unidade de tempo, uma semana, por exemplo, o número suficientemente controlável de doentes para respondermos bem e em segurança a esse número de doentes, mesmo que para isso tenhamos de andar mais semanas até atingir o pico e depois começar a descer a curva”, explicou.
Chegam esta sexta-feira 80 mil zaragatoas Esta semana começaram a ser testados os idosos e funcionários dos lares de Lisboa, Évora, Algarve, Guarda e Aveiro. A tutela prevê que os testes sejam alargados a todas as instituições do país, por se tratar de um dos grupos de risco, e é também expectável que sejam feitos mais testes à população. Aliás, esta quinta-feira a secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, anunciou a criação de uma linha de testes prioritária para as forças de segurança e para os bombeiros.Também esta quinta-feira, foram distribuídas seis mil zaragatoas – material que serve para recolher as amostras para análise – às várias unidades de saúde.
E esta sexta-feira deverão chegar a Portugal 80 mil zaragatoas – uma parte da encomenda de 400 mil. “As restantes têm chegada prevista nas próximas semanas e farão face aos constrangimentos que resultam da elevada procura numa situação adversa e com as limitações que todos conhecemos”, explicou António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde.
“Na próxima semana chegam mais 200 mil testes a Portugal”, acrescentou. Diariamente são feitos cerca de seis mil testes. Apesar de estarem a chegar zaragatoas, este material tem sido vendido sem tubo e sem o respetivo líquido necessário para que o material biológico recolhido chegue em condições aos laboratórios. E são as universidades portuguesas – Universidade do Porto, de Lisboa e do Algarve – que estão a produzir esse líquido de transporte. Além das aquisições pelo Governo, as doações também pesam. Além do trabalho voluntário dos investigadores das instituições de ensino, “Portugal, entre ofertas e doações, tem capacidade para duplicar” a capacidade de ventilação. “Foram emprestados 140 ventiladores não invasivos, a maioria dos quais já foi entregue nos hospitais do país. Além disso, foram adquiridos outros 900 ventiladores”, conclui António Lacerda Sales.