Santiago Denia, treinador da seleção espanhola sub-19, perdeu o pai devido à covid-19, no passado mês de março. O também ex-jogador do Atlético de Madrid falou sobre o assunto e admite que não esquece o sentimento de impotência que experienciou em torno da morte do progenitor.
"Este vírus levou-me o meu pai e já tem levado muitas outras pessoas. Todos os cidadãos estão a sofrer com este tema. Tenho muita pena e sinto muita impotência por todas as circunstâncias que proporcionaram a morte do meu pai. Ele estava bem. Foi muito rápido”, começou por dizer, em declarações ao El Larguero de la SER.
“À minha irmã deu tempo ainda para se despedir porque o médico disse-lhe à hora de almoço que ele estava a piorar. Eu cheguei duas horas depois, a gritar ‘Chapi’, como o chamavam, e ele já não me respondeu…", contou.
Santiago Denia revela que tentou comprar um ventilador para o pai. Contudo, o panorama que se vive em Espanha impossibilitou que tal acontecesse.
"Tentei procurar um ventilador em Albacete. Era a única possibilidade de lhe dar uma oportunidade de viver. Pedi a um médico, a amigos meus de Albacete, a uns amigos de Madrid, mas em Espanha vive-se uma situação muito complicada. Procurei ainda levá-lo para Madrid, mas o médico não me aconselhou a fazer a viagem. Não havia mais opções porque não existiam ventiladores em nenhum lugar", contou.
"Não arranjei maneira de conseguir o ventilador porque o sistema está em colapso. Não sou mais nem menos que ninguém. Apenas um cidadão que queria dar uma oportunidade de viver ao seu pai. Na manhã seguinte [ao falecimento], ligaram-me a mim e à minha irmã a dizer que o funeral teria de ser feito às 17 horas. Éramos quatro pessoas na cerimónia fúnebre, sem nos podermos abraçar e com máscaras. Foi muito difícil. Não consegui nem sequer abraçar a minha irmã", rematou.