Um médico brasileiro, infetado com a covid-19, deixou o hospital, esta semana, após oito dias de internamento. Em entrevista ao G1, o médico infectologista Joper Fonseca Júnior, contou as dificuldades que sentiu enquanto estava internado e a vontade que tinha em recuperar para continuar a tratar todos os doentes infetados com o novo coronavírus.
"O que me abalou mais foi o estado de falta de energia, falta de vida, energia vital. Eu tinha a sensação de que eu ia morrer, que não tinha outra saída. De tão mal que eu me sentia", disse, revelando que teve os primeiros sintomas no passado dia 20 de março, calafrios e congestionamento nasal. Contudo, nos dias seguintes os sintomas aumentaram e começaram as dores no corpo, falta de apetite e febre.
Quando soube que tinha estado em contacto com uma enfermeira que testou positivo para a covid-19, o médico também realizou o teste e acabou por confirmar que estava infetado.
Joper acabou por ficar internado oito dias no hospital. Cansaço, dor abdominal e a falta de ar foram os piores sintomas. O médico admite que ser encaminhado para uma unidade de cuidados intensivos era a sua maior preocupação.
"Por ser médico e entender como é a UTI, esse era meu maior medo. O medo de sofrer. Sei todos os passos, como funciona a entubação e ficava pensando nisso. Mas a melhora foi se apresentando aos poucos e não houve essa necessidade",explicou, revelando ainda que ter deixado de fumar há oito anos foi uma decisão que fez toda a diferença agora para sobreviver à doença.
Embora tenha tido alta, Joper continua em isolamento em casa, uma vez que ainda apresenta sintomas e deixa um apelo.
"Não subestimem o potencial desse novo coronavírus. Todo mundo tem que ter cautela. Não importa a idade. É hora de ficar em casa, quem puder. E cuidar do corpo, cuidar da saúde. Hidrate-se muito bem. Cuide do seu tempo de sono. Cuide da saúde", disse.
O médico admite ter renascido após a covid-19 e admite que é preciso entender que somos vulneráveis.
"Tenho bastante esperança. Eu senti uma transformação muito grande dentro de mim. Primeiro de desapegar da ideia, talvez com médico seja mais aguçado, que é a ideia da imortalidade. Precisamos entender o quanto somos vulneráveis. O quanto precisamos nos cuidar e desapegar de coisas que no fundo no fundo não são tão importantes. É valorizar o relacionamento humano. O amor entre as pessoas. Hoje tem sido uma das maiores armas da humanidade para vencer esse momento… que é o amor. Vamos nos fortalecer de amor para sairmos dessa", apelou.