O artista plástico e pintor português Luís Noronha da Costa morreu esta quinta-feira de manhã, aos 77 anos, numa unidade hospitalar em Lisboa. Sofria de vários problemas de saúde que o tinham debilitado nos últimos tempos. Neto de condes e viscondes, Luís Noronha da Costa nasceu a 17 de abril de 1942 e cresceu em São Pedro do Estoril. Estudou Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e, findo o curso, trabalhou com o arquiteto Manuel Tainha antes de iniciar a sua viagem de aproximação às artes plásticas.
Entre a colagem e a pintura, tendo o mar como tema recorrente, representou Portugal na Bienal de São Paulo (1969) e na Bienal de Veneza (1970). Em 1999, recebeu o Prémio Europeu de Pintura pelo Parlamento Europa. Apontado como um dos grandes artistas portugueses da segunda metade do século XX, reconhecia numa entrevista ao Jornal de Negócios, publicada em 2017, que não era um pintor de factos. «Não sou um pintor de coisas e de factos, mas das imagens das coisas», explicou então, dizendo ser um pintor que se trazia a filosofia para a sua obra. «Heidegger, Nietzsche e, em tempos idos, Marx. Mas gosto mais do Heidegger. Aliás, o meu livro de cabeceira é o Heidegger».
Na mesma entrevista, concedida a propósito da exposição "Isto não é só um écran – Noronha da Costa – 50 anos de pintura" (que contou com a curadoria de Bernardo Pinto de Almeida) na Casa-Museu Medeiros e Almeida, onde está parte do seu trabalho, dizia sentir-se posto de parte pela sociedade. «Penso que sou um indivíduo do azar».