Enquanto a administração de Donald Trump pondera reabrir o país no dia 1 de maio, os Estados Unidos são devastados pela pandemia de covid-19. Governadores e especialistas avisaram que o fim prematuro do isolamento social pode ser um desastre quando os EUA já ultrapassaram o meio milhão de casos registados, com mais de 22 mil mortes. “Poderíamos estar a deitar gasolina no fogo”, resumiu Phil Murphy, governador de Nova Jérsia, um dos estados mais afetados pela pandemia, à CNN.
“É um objetivo e, obviamente, estamos esperançosos quanto a esse objetivo. Mas creio que é demasiado cedo para poder dizer que vemos a luz ao fundo do túnel”, admitiu Stephen Hahn, diretor da agência que regula os medicamentos nos EUA (FDA), à ABC. “Em julho ou agosto poderemos estar de volta à mesma situação em que estamos agora” caso se reabram os EUA demasiado cedo, acrescentou Christopher Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação para a Saúde, à CBS.
De momento, a aposta do Governo federal parece ser numa abertura parcelada, com os vários estados e até câmaras municipais a estabeleceram as suas próprias regras, como aconteceu com a imposição do isolamento. “Alguns lugares poderão pensar em abrir a 1 de maio”, considerou o cirurgião-chefe dos EUA, Jerome Adams, lembrando que várias regiões têm tido consistentemente baixos níveis de infeção, permitindo uma reabertura. “A maioria do país, não, para ser honesto consigo, mas alguns poderão”, reconheceu Adams à Fox News.
Estas decisões a vários níveis, muitas vezes conflituosas, são bem demonstradas pelo estado de Nova Iorque, epicentro do surto norte-americano. “Precisamos da economia a funcionar, as pessoas precisam de um salário”, assegurou o governador do estado, Andrew Cuomo, que declarou que gostaria de o reabrir “o mais cedo possível”. O presidente da Câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, anunciara que as escolas continuariam fechadas o resto do ano letivo, e Cuomo respondeu: “Essa é a opinião dele. Mas ele não as fechou e não pode abri-las”.