Com o recomeço das aulas, mas desta vez à distância devido à pandemia de covid-19, estudar pode ser uma tarefa difícil, não só para os filhos, como também para os pais. Assim, e a pensar em conciliar o estudo com o resto da logística familiar, a Ordem dos Psicólogos criou um guia para Pais e Cuidadores com estratégias de adaptação e algumas recomendações, que se apoiam numa rotina equilibrada para todos.
“O encerramento das escolas não significou nem pode significar a estagnação das aprendizagens e do seu percurso escolar. O isolamento não é estar de férias, mas também não é estar na escola. Implica a adoção de estratégias de adaptação a uma nova realidade, que inclui a participação em aulas, fichas de atividades e trabalhos e projetos à distância, fora do contexto escola, da proximidade física aos professores e colegas”, destaca o guia.
Lembrando que esta “é uma situação difícil para as crianças e adolescentes, mas também para os Pais e Cuidadores, que estão em casa, ainda a tentar organizar a nova rotina familiar e, frequentemente, eles próprios em teletrabalho e que se vêm confrontados com a necessidade de apoiar as crianças e adolescentes no estudo”. A Ordem realça que tolerância e flexibilidade são palavras de ordem neste processo, que envolve antes de mais que o progenitor cuide de si próprio, depois planeie e organize uma nova rotina e, por fim, acompanhe o estudo.
Eis algumas digas da Ordem dos Psicólogos:
Cuidar de si próprio.
O primeiro passo é perceber a importância de contribuir para a segurança
de todos com o isolamento, e que este pode ser encarado também como uma
oportunidade de estar mais tempo em família. Com isto em mente, é
necessário manter a tranquilidade, com expectativas realistas em relação
ao próprio teletrabalho (se for o caso), interiorizar o facto de não ser
professor dos seus filhos e por fim, no meio de tudo, encontrar tempo
para si próprio.
Planear uma nova rotina.
Em conjunto com a criança/adolescente construam um horário semanal que
inclua tempos dedicados ao estudo, lazer, relaxamento e redes sociais
(…) e os fins de semana devem ser dedicados, sobretudo ao descanso e às
actividades de lazer. Outros aspetos a serem considerados são a importância dos momentos de
intervalo, o enquadramento do estudo na rotina familiar, a flexibilidade
em caso de ser necessário ajustar os planos e ter diferentes zonas para
estudo e lazer.
Acompanhe o estudo.
A base fundamental é promover o estudo autónomo e tentar ser apenas como
um tutor que mostra o caminho e motiva. Os pais devem acompanhar o
estudo (e não estudar pelos filhos, promovendo a capacidade de
auto-regulação e as competências de organização e de estudo. É preciso
ter em atenção a adaptação porque há muitos recursos, materiais, ideias,
atividades e plataformas. Deve-se ir ajustando a carga de trabalho
proposta à criança e às circunstâncias, e focar-se na qualidade (e não
na quantidade), estabelecendo objetivos realistas. Sempre que possível
(e for merecido), deve-se elogiar os sucessos e as conquistas.
É importante ter em mente que ninguém exige perfeição e que cabe aos
pais/cuidadores mostrarem que este momento difícil pode se transformar
num contributo importante para a autonomia e auto-regulação das crianças
e adolescentes.