As farmácias portuguesas decidiram lançar a Operação Luz Verde, que visa proteger pessoas pertencentes ao grupo de risco e evitar que estas saiam de casa para se dirigirem aos hospitais e obterem a medicação durante a pandemia mundial, que já deixou mais de 18 mil pessoas infetadas em Portugal. Esta iniciativa, totalmente gratuita, assegurou entregas ao domicílio ou numa farmácia local a 5 mil portadores de VIH, cancro, esclerose múltipla e outras doenças, no espaço de 3 semanas.
"A Operação Luz Verde resulta do esforço concertado de associações de doentes, farmácias, hospitais e distribuidores farmacêuticos para evitar deslocações desnecessárias aos serviços de saúde e diminuir o risco de infeção dos doentes mais frágeis" pode ler-se no comunicado enviado às redações.
"Os farmacêuticos hospitalares e comunitários estão unidos nesta operação de salvaguarda da saúde das pessoas mais fragilizadas", declara Humberto Martins, diretor da Área Profissional da Associação Nacional das Farmácias, na mesma nota. "As farmácias comunitárias decidiram contribuir, graciosamente, para o grande objetivo de Saúde Pública de manter as pessoas tranquilas em casa", acrescenta.
Os custos da Operação Luz Verde são assegurados pelas farmácias e os distribuidores farmacêuticos, que é comparticipada pelo Fundo de Emergência Abem, da Associação Dignitude.
A iniciativa por parte das farmácias portuguesas gerou vários elogios por parte de especialistas. "A “rede das redes” dos farmacêuticos, permite que menos portugueses corram o risco de se contaminarem pelo Covid-19, aumenta a adesão à terapêutica, garante o acesso seguro aos cuidados farmacêuticos e abre caminho para outros encontros no futuro. (…) Cerca de 2480 doentes CHUC com cancro, VIH/SIDA, esclerose múltipla, transplantes hepáticos, transplantes cardíacos, transplantes renais, hipertensão pulmonar, hemofílicos, com nutrição parentérica em casa, artrite reumatoide, doença de crohn, psoríase, asma grave, fibrose quística, diabéticos, etc., já estejam a receber a sua terapêutica, com segurança, nas 1720 farmácias comunitárias que escolheram", elogia José Feio, diretor dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra,
Ricardo Fernandes, diretor executivo do GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos VIH/SIDA também apoiou a iniciativa das farmácias. "Faz todo o sentido que, num momento em que enfrentamos uma situação de pandemia, as pessoas não sejam aconselhadas a ir ao hospital, seja para consultas seja para levantar a sua medicação. No futuro, o que queremos é que as pessoas com doenças crónicas tenham liberdade de escolha, possam decidir onde levantar a medicação. Neste momento, o que têm é uma obrigação", declarou.
Paulo Gonçalves, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla afirma que a medida aplica deve passar a "ser a norma no futuro". "Fizemos um estudo no ano passado que mostra que traz maior eficiência no tratamento, mitiga o contágio e traz maior controlo dos sintomas das patologias. Em termos económicos torna-se mais sustentável, ao mesmo tempo que o doente beneficia da proximidade que já tem com o seu farmacêutico comunitário", afirma.