António Sales fez, esta sexta-feira o balanço diário da covid-19 no país. Registam-se 19022 casos de covid-19 em Portugal, mais 181 casos confirmados do que no dia de ontem, um aumento de 1%. Verificam-se ainda 1200 casos em internamento, dos quais 222 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, menos 7 casos que ontem. 519 pessoas recuperaram do novo coronavírus até à data, mais 26 do que ontem.
Registam-se ainda 657 obitos. A taxa de letalidade global no país é de 3,5% e a taxa de letalidade em pessoas com mais de 70 anos é de 12,4%. De todos os casos infetados, 87,1% encontram-se em tratamento domiciliar.
Desde o dia 1 de março, foram processadas cerca de 224 mil amostras para diagnóstico de covid-19, das quais 10,5% tiveram resultado positivo. Mais de 64% destas amostras foram processadas em abril. O dia em que foram processadas mais amostras foi no passado dia 15, onde foram processadas 12600 amostras, das quais apenas 7,2% eram positivas.
"Ultrapassámos a nossa capacidade diária de 11 mil testes por dia e o aumento de número de testes não se reflete no aumento de número de amostras positivas", sublinha António Sales. Esta semana foram distribuídos 272 mil testes pelas regiões autónomas e administrações regionais de saúde, mais 8 mil do que estava previsto. No domingo, chegaram 900 mil testes a Portugal e anteontem 10 mil kits de extração manual.
Em breve serão distribuídos os primeiros 5 mil testes de biologia molecular. Através destes testes, entre 45 minutos a uma hora é possível perceber se a pessoa está ou não infetada com covid-19. Estes testes deverão ser utilizados em ambiente hospitalar, por exemplo em casos de urgencia ou pré-cirurgia.
A capacidade de ventilação é uma das prioridades do Ministério da Saúde. A capacidade de ventiladores no SNS aumentou para 426, que resultam de encomendas, doações e empréstimos e como da recuperação de ventiladores, 87 ventiladores do SNS foram recuperados desde o ínicio da pandemia.
"O Governo está a fazer todas as diligencias diplómaticas no sentido de reduzir os atrasos nas entregas de ventiladores provenientes mercado chines, que está sobre grande pressão", sublinha António Sales.
Da encomenda de 500 de ventiladores feita pelo Governo, 65 já estao na Embaixada de Pequim e está à espera do voo da TAP com destino a Portugal. De acordo com o secretário de estado da Saúde, esta previsto que os ventiladores cheguem no ínicio da próxima semana.
Sobre as camas em Unidades de Cuidados Intensivos há "situações muito distintas ao longo do país", segundo António Sales. Neste momento o país dispõe de 350 camas de nivel 3 de medicina intensiva.
"Este foco na atividade covid não pode fazer com que deixemos de olhar para atividade não covid. Temos de aproveitar algumas situações que, tendo sido introduzidas, poderão ser úteis noutras áreas", como as teleconsultas, refere António Sales.
Questionado sobre a falta do número de médicos intensivistas em Portugal, António Sales afirma que este andará à volta dos 250, mas há outros profissionais aptos para utilizar ventiladores no nosso país.
O secretário da saúde voltou a sublinhar que os doentes não covid devem recorrer aos serviços hospitalares. Os doentes covid e não covid estão devidamente separados", aponta.
Questionada sobre os outros países que decidiram levantar restrições e retomar a atividade económica, Graça Freitas afirma que "cada país adapta as medidas à sua realidade" e que "há curvas completamente diferentes. Esses países que vão retomar a atividade são países cuja curva rapidamente achatou e que está fácil" sublinha a diretora-geral da Saúde.
Muitos dos países indicam que a utilização de máscaras deve ser obrigatória, contrariamente a Portugal. Graça Freitas afirma que o país "tem vindo a acompanhar as indicações internacionais" e que a DGS recomenda a utilização de máscaras "mas as principais medidas são a higienização, distanciamento social etiqueta respiratória e limpeza das superfícies, porque o vírus resiste durante horas e até dias nas superfícies" sublinha.
"Depois destas medidas, surge mais uma barreira que são as máscaras. Quando a atividade retomar, temos de o fazer com muitos cuidados, com outro tipo de rotinas", aponta.
Depois de António Costa ter dito que espera que várias medidas sejam levantadas em maio e que as pessoas possam conviver com a covid-19, Graça Freitas diz que o temos de fazer "de forma equilibrada" para que a curva continue achatada.
"Vamos levantar medidas de contenção, que nos permitiu gerir a resposta do SNS, mas teremos de continuar o isolamento social, as medidas de higienização e com etiqueta respiratória. São as grandes medidas para contrariar o vírus e as 10 milhões de pessoas que vivem em Portugal têm de fazer parte deste movimento. Se fizermos isto, vamos mitigar os efeitos negativos desta pandemia. Temos de ser muito disciplinados, organizados e coesos, fazemos todos parte da solução", aponta a diretora-geral da Saúde.
No que toca à atuação do SNS, Graça Freitas diz que se deve, durante o ínicio desta nova fase, "detetar precocemente estes casos, para evitar contactos desses casos e os conseguir isolar" para quebrar cadeias de contágio.
Sobre o número de casos ser o mais baixo deste mês e o número de mortes o mais baixo da semana, Graça Freitas sublinha que "o número de hoje está confirmado" e que "é um número fiável" e faz parte do tal planalto que falávamos" mas não deixa de salientar que é necessário "esperar mais uns dias e ver se esta tendência se mantém. Não podemos ser demasiado otimistas, temos de aguardar para perceber o significado do dia de hoje", aponta.
"Temos tido cada vez menos relatos de infeção dentro dos estabelecimentos de saúde, porque houve uma separação de circuitos covid e circuitos não covid" afirma Graça Freitas, sublinhando que quem tiver sintomas covid num hospital é submetido "rapidamente" a um teste.
Relativamente às maternidades, Graça Freitas diz que se houver suspeitas de casos covid-19 o paciente deve ser transferido para um hospital geral onde existem espaços diferenciados para doentes infetados e não infetados.
Sobre a mortalidade, a diretora-geral da Saúde afirma que se verifica um "padrão nas pessoas com mais de 70 anos de cerca de 80% e que já tinham outras doenças em fase avançada", como doenças oncológicas, respiratórias, diabetes, problemas cardíacos, entre outras.