Rui Rio e os outros

Sempre com grande simpatia dos directores do Público, manifestada muito especialmente nas newsletters que enviam diariamente aos seus assinantes, onde se vê sempre muito mais destacado um dos 2 comentadores da última página, precisamente o menos original e o que faz análises da situação menos distanciadas e brilhantes, volta hoje a ser destacado.

No fundo, numa posição muito do agrado dos jornalistas portugueses (e não apenas dos dirigentes do Público), esse é o comentador que está sempre a dizer mal do Executivo (ainda se fosse um certo outro…), na luta contra o Coronovírus.

Talvez dissesse menos mal se fosse outro governante, com menos bons resultados.

Vem isto a propósito de uma carta divulgada por Rui Rio, em que este volta a pronunciar-se por não fazer grande oposição ao Governo, enquanto este estiver a lutar contra o Coronovírus, com os bons resultados conhecidos.

Aparentemente, o dito comentador preferia dar mais importância à recuperação económica, à semelhança de outros países (EUA, Brasil, Itália e Espanha, por exemplo), e ver o maior partido de oposição aproveitar este problema para se salientar contra o Executivo, borrifando-se para as consequências na saúde dos cidadãos.

Só agradeço não ser governado por ninguém assim, e  espero que António Costa consiga manter a atitude prudencial contra estes ventos e marés, aproveitando da melhor maneira a boa vontade de Rui Rio. De início, o líder do Basta! (parece que se chama de outra maneira, mas prefiro ignorá-la), também se preparava para fazer uma oposição cerrada nesta matéria. De tal maneira, que o CDS, com a nova liderança, ao não querer deixá-lo sozinho, ficou a falar na sua solidão. O que eu prevejo é ver o CDS acentuar a linha decrescente em que entrara já com Manuel Monteiro, de uma forma cada vez mais notória, e ser ultrapassado nas próximas eleições pelo tal Basta!. Com efeito, é a esse resultado a que conduzirá o querer imitar (mal) o Basta! Ou é diferente, ou as pessoas vão preferir o original. E o que sei é que o CDS de início dizia-se rigorosamente ao Centro – admito que agora tenha de estar mais à direita – na linha europeísta, democrata-cristã, e um tanto giscardiana dos seus antigosdirigentes, Diogo Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa.

por Pedro d'Anunciação