Desatou por aí uma discussão sobre a comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República, que não me parece fazer muito sentido. Se bem me lembro, e única vez em que o Parlamento não festejou o 25 de Abril, fê-lo Cavaco Silva em Belém, era então ele o Presidente da República (numa bofetada de luva branca, ou de cor ainda mais garrida, nos deputados).
Hoje a Assembleia reúne habitualmente, embora com menos deputados, como é normal neste tipo de confinamento. E quer, na sua esmagadora maioria, voltar a comemorá-lo. A única coisa que devia estar em causa, e ser objecto de discussão, é a quantidade de pessoas presentes e de convidados. Seria prudente não convidar pessoas dos grupos de risco, ou pela idade, ou por doenças que tenham.
Quer-me parecer que a maioria dos que se opõem a esta comemoração, é por realmente não gostaram da data, nem da celebração que ela representa, nem da Revolução que se assinala. Com excepção de João Soares (que penso conhecer bem desde os tempos da Faculdade, e que imagino estar acima disto tudo) e quejandos, o resto devem ser salazaristas mais ou menos envergonhados, com saudades da miséria em que se vivia então por cá, e da falta de democracia de então. Que não poderiam pronunciar-se contra nada decidido pelo Regime, se esse Regime fosse o que eles pretendiam.
Pedro d'Anunciação