Portugal encaixa 1016 milhões de euros no mercado da dívida

O duplo leilão de dívida a 6 e 10 anos foi suportado por taxas de juro mais elevadas do que nas emissões comparáveis anteriores.

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realizou esta quarta-feira um duplo leilão de dívida a 6 e 10 anos, tendo suportado taxas de juro mais elevadas do que nas emissões comparáveis anteriores, reflexo do impacto da pandemia no mercado de obrigações soberanas.

Em dívida com maturidade em 21 de julho de 2026 foram colocados 418 milhões de euros, com uma yield de 0,843%, que compara com a taxa de juro de 0,059% suportada na emissão a cinco anos realizada em março.

O IGCP colocou ainda 598 milhões de euros em obrigações do Tesouro com maturidade em 15 de fevereiro de 2030. A taxa de juro nesta emissão a 10 anos ficou em 1,194%, acima dos 0,426% do leilão de março.

Portugal colocou no total 1.016 milhões de euros, ligeiramente acima do limite de mil milhões de euros que estava previsto.

O agravamento dos custos de financiamento de Portugal, em linha com os outros soberanos, já se tinha feito sentir no leilão de bilhetes do Tesouro do início deste mês, com a taxa de juro a ficar acima de 0% pela primeira vez em três anos.

Para se ter uma ideia do agravamento dos custos de financiamento, em fevereiro, Portugal conseguiu emitir dívida a seis anos com uma taxa negativa (-0,057%) e dois meses depois teve de pagar uma taxa que não ficou muito longe de 1%. Ainda assim, em março do ano passado, Portugal emitiu dívida a seis anos com uma yield comparável à desta quarta-feira (0,763%) e em fevereiro de 2017 teve de pagar uma taxa bem superior (3,66%).

Na linha de obrigações com maturidade a 10 anos a taxa de juro mais do que duplicou no espaço de apenas um mês, mas está em linha com o registado no mercado secundário, onde a "yield" de Portugal já se situava acima de 1%.

Os dados da procura mostram que o apetite dos investidores por dívida portuguesa mantém-se intacto. A procura por dívida a 10 anos superou a oferta em 1,68 vezes, um rácio superior ao registado na emissão de março (1,53). Na emissão de dívida a seis anos a procura foi 2,34 vezes superior à oferta.