por Teresa Candeias
Diretora da Licenciatura em Gestão da Universidade Lusófona do Porto
Aos cidadãos foi exigida uma profunda alteração do seu quotidiano quer a nível pessoal quer a nível profissional. Porém, o teste que se coloca às instituições não é de menor grau de dificuldade. A primeira fase do combate, ainda se trava no plano da saúde e constitui um teste à capacidade do sistema de saúde. A estratégia de contenção e mitigação da propagação do vírus obrigou ao isolamento social que se traduziu na paralisação da atividade de diversos setores económicos. Numa segunda fase, fruto de uma travagem brusca da atividade económica os desafios que se colocam são de outra natureza. O impacto desta crise foi traduzido, recentemente em números, pelo FMI. Em Portugal estima-se uma queda do PIB da ordem dos 8%, um défice de 7%, uma dívida pública de cerca de 135% do PIB e uma taxa de desemprego de 13,9%. Face ao atual cenário, a Moody’s alterou a perspetiva da banca portuguesa de estável para negativa e justifica esta alteração pela expectativa de forte contração do crescimento económico.
As medidas de apoio social, o aumento da despesa no setor da saúde, a subida generalizada das taxas de juro da dívida dos países da Zona Euro e as medidas de relançamento da economia conduzirão a um aumento significativo da despesa pública. A esse propósito, numa entrevista o ministro da Economia afirmou não haver dinheiro para empréstimos a fundo perdido às empresas e que aumentos da despesa agora, serão suportados pelo contribuinte no futuro. Mas o problema não se encontra, apenas, do lado da despesa. A queda do crescimento económico tem como repercussão uma redução das receitas fiscais.
É certo que esta crise tem características diferentes da anterior. É uma crise à escala global e, por esse motivo a União Europeia terá de encontrar respostas adequadas para o conjunto dos Estados-membros se quiser sobreviver. A Comissão Europeia suspendeu a disciplina orçamental e prevê-se que sejam adotadas medidas de apoio não se sabendo em concreto a sua extensão e montante. Tal facto, ajudará a atenuar o impacto da crise.
Perante este cenário a tempestade chegou. O primeiro-ministro afirmou que: «Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS». Bem vai precisar dela porque a palavra proibida ‘austeridade’ está de regresso e o covid-19, leia-se Diabo, infelizmente apareceu e ainda não há previsão de quando se irá embora.