Ouvi aí nos media, alguns professores mais irresponsáveis pedirem que o Governo lhes garanta desde já em que dia vão recomeçar as aulas, se não, não o poderão fazer. Isto de falar em professores mais irresponsáveis, sei-o bem, é relativo: em geral, os professores são das classes menos cultas, e quando os vejo aparecerem nalgum concurso televisivo auguro-lhes logo uma péssima prestação – o que se tem normalmente confirmado, apesar de reconhecer que não devemos enfiar uma classe profissional inteira numa determinada definição.
Para já, são normalmente professores, e nalguns casos ministros da Educação, os que não sabem que em duas sílabas seguidas com ‘i’, o primeiro é mudo; portanto, ministro, ou Filipa, ou militar dizem-se como se fosse menistro, ou Felipa, ou melitar. Ou seja, escrevem-se e dizem-se de formas diferentes, são exceções na fala, como me ensinou há muito tempo um professor (nisto, pelo menos, mais sabedor do que a generalidade dos sucessores).
Há de resto agora uma mania de usar palavras e expressões incorrectas, nalguns casos com agasalho público; é o caso de recepcionar, que os dicionários ligam ao acto de dar uma recepção, mas algumas pessoas, apenas para complicarem a coisa, preferem usar como sinónimo de receber. Ou ‘acto concursal’, que não existe de facto na nossa língua, em vem de ‘concurso público’, que simplesmente existe e todos sabem o que é.
Mas estou a desviar-me do essencial; o que eu queria dizer era isto: com a covid-19, se o Governo desse agora mesmo garantias de reabertura de alguma coisa, deixava de receber o meu apoio à prudência com que tem tratado do assunto, com as estantes autoridades. O que os professores devem é sujeitar o seu possível regresso a uma reabertura, esforçando-se como toda a gente por a tornar viável no instante em que é declarada.
Pedro d'Anunciação