Pequeno comércio prepara-se para reabrir portas e já tem as suas regras

Centros de estética, cabeleireiros, lojas de tatuagens, livrarias e lojas de roupa já estão a preparar-se para abrir portas. Já há mesmo marcações para a próxima semana. Os clientes têm de usar máscara, e os funcionários luvas e viseira.

Com o país a sair do estado de emergência, o pequeno comércio reabre já na próxima segunda-feira. Lojas de rua com menos de 200 metros quadrados, livrarias, stands de automóveis e cabeleireiros estão abrangidos pelo plano de reabertura das atividades económicas apresentado esta quarta-feira pelo Governo aos parceiros sociais. Mas ainda o Governo não tinha dado luz verde para a reabertura deste setor e as lojas já tinham tudo preparado para abrir portas.

Livrarias, lojas de roupa, centros de estética, cabeleireiros ou lojas de tatuagens dizem estar ansiosos por voltarem a receber clientes e tentarem recuperar o dinheiro perdido depois de terem fechado, em março. E, agora, o conforto que normalmente era dado aos clientes será substituído pela proteção. Assim que foi avançada a possibilidade de o comércio começar a funcionar por fases, estando o pequeno comércio incluído logo na primeira, as lojas começaram a preparar planos individuais de proteção, quer dos funcionários, quer dos clientes.

O cenário de um cliente a entrar num centro de estética, sentar-se num sofá ou numa cadeira e folhear uma revista enquanto espera pela sua vez vai ficar apenas na memória. Pelo menos, nos próximos tempos. No centro de estética Manuela Rebelo, em Lisboa, os clientes entram diretamente para as salas, onde estarão as funcionárias para fazer os tratamentos. Aqui, explicou Manuela Rebelo ao i, até as canetas utilizadas pelos clientes para assinar serão desinfetadas e nunca uma caneta será utilizada por mais do que uma pessoa. “Temos de tirar o embelezamento e o conforto em prol da segurança”, disse. As massagens, por exemplo, serão feitas com luvas, assim como todos os outros tratamentos. Aos clientes é pedido que levem máscara e, se estes não aceitarem alguma das regras de segurança, então o tratamento não será feito. “Só trabalhamos à porta fechada e por marcação, não há tempo de espera e todos os funcionários vão usar viseiras”, explicou a proprietária do espaço, acrescentando que, nesta altura, “o que é fundamental é que o cliente se sinta em segurança”.

Nos cabeleireiros, os cuidados são os mesmos: clientes só entram com máscara e funcionários trabalham de luvas e máscara ou viseira. Em Telheiras, Ana Raquel Folgosa, proprietária de um cabeleireiro e centro de estética, só não vai fazer tratamentos a laser. “Isso não vou fazer tão cedo, primeiro porque tenho muitas marcações e, depois, porque o tratamento a laser implica estar muito tempo fechada com os clientes”, explicou, acrescentando que fará apenas tratamentos que durem, no máximo, 40 minutos, como depilações a cera, por exemplo. Existe ainda a questão do toque: “Na parte de cabeleireiro não existe tanto o toque como nos restantes tratamentos”. E as marcações já são muitas, sobretudo para pintar o cabelo. “Ainda assim, há pessoas que ainda têm medo: as marcações são mais a nível de cabelo do que de manicura”, disse Ana Folgosa.

As lojas de rua, como as que vendem roupa, seguem o mesmo caminho, com algumas medidas já pensadas individualmente, mas aguardam mais indicações do Governo para saber como devem manter os espaços e os clientes em segurança. – por exemplo, se os clientes podem continuar a usar os provadores ou se haverá uma regra específica para isso. “As funcionárias vão usar máscaras, estará uma pessoa de cada vez dentro da loja, mas estes são os cuidados a nível particular. Ainda estamos à espera de indicações porque tudo sai de um dia para o outro”, explicou Inês Cunha, proprietária das lojas Alperce, no Porto e em Lisboa. A questão dos provadores e dos horários é ainda uma incógnita que só fica definida a poucos dias da reabertura dos espaços. “Mas estaremos prontos para abrir, até porque, apesar de termos loja online, isso não chega”, acrescenta Inês Cunha.

Haverá, no entanto, lojas que, mesmo com autorização do Governo, vão optar por não abrir nas próximas semanas. É o caso da in-mage, no Príncipe Real, que vai permanecer fechada, disse ao i Teresa Vilhena, proprietária do espaço. E a explicação é simples: está situada numa zona essencialmente turística e não existe turismo neste momento. “Temos alguns clientes habituais, mas abrir a porta para estar a consumir energia não vale a pena”, acrescentou.

Com a luz verde do Governo para a reabertura destas lojas, há quem possa ir também fazer tatuagens, por exemplo, já que este setor também se prepara para abrir na segunda-feira. Ao i, José Mendes, da loja Big Boys Tattoo, situada na capital, garantiu que, nestas lojas, as medidas de proteção sempre estiveram em primeiro lugar, uma vez que trabalham “precisamente com agulhas”. “Temos a vantagem de já termos imenso cuidado, já usávamos álcool em gel, luvas, todos os materiais são esterilizados ou de utilização única”, acrescentou. Agora, só um cliente poderá estar na sala, os tatuadores usam máscaras e o atendimento só é feito mediante marcação prévia.

A literatura não fica de parte e as livrarias estão também preparadas para avançar com a reabertura dos espaços. Na Livraria Buchholz falta ainda fazer as contas aos metros quadrados que o espaço tem para perceber quantos clientes podem estar lá dentro, explicou Cristina Marques. Mas há uma certeza: os funcionários vão trabalhar com luvas e viseira.

A segunda fase do plano de reabertura da atividade económica deverá acontecer no próximo dia 18 de maio, com a abertura de lojas de maior dimensão, em que também deverão estar incluídos os restaurantes. Depois, a 1 de junho, deverá ser a vez de os centros comerciais abrirem portas. Apesar do plano definido, o Governo adiantou esta semana que o mesmo será avaliado quinzenalmente.

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