erado em laboratório ou nos mercados de rua, parece não haver dúvidas de que o vírus veio da China para provocar uma catástrofe, cuja dimensão está expressa no número de infetados, hospitalizados e mortos em todo o mundo, bem como no encerramento de milhares de empresas, milhões de desempregados e milhões de euros de salários que estão por pagar.
Para os Estados, a fatura chegou depressa: o aumento da despesa pública e ajudas financeiras a privados… que alguém terá de pagar um dia.
Teorias da conspiração falam de um plano da China para dominar o Ocidente, mas será difícil provar a manipulação de um vírus… para atacar o resto do mundo. Mais fácil é determinar a origem do problema. Nos últimos vinte anos, é a terceira vez que uma pandemia vinda da China provoca destruições que alastram a todo o mundo. Tal deveria ser suficiente para responsabilizar o causador do desastre, à semelhança do que acontece com as catástrofes ambientais.
Acusados de terem provocado a II Guerra Mundial, a Alemanha e o Japão foram condenados a pagar indemnizações de guerra e sofreram condicionamentos políticos e militares que se prolongaram por muitos anos. E agora? O crime fica impune? Os custos da destruição vão ser suportados pelos sobreviventes… já empobrecidos pela paralisação da atividade económica, pelas falências e pelo desemprego?
O que aqui não é novidade. Outros já o disseram de forma mais fundamentada, há investigações em curso e até ações judiciais, propostas por estados americanos. Mas trata-se de iniciativas isoladas, sem a consistência que é necessária para vergar a potência asiática.
Da ONU… os habituais votos de paz e fraternidade. Continua por explicar a ausência de ação concertada que aprove a realização de uma investigação supranacional, para reunir indícios e provas que sustentem uma acusação formal.
Se, nesse contexto, a China vier a ser condenada, o Ocidente dispõe de meios para se ressarcir das perdas materiais. Basta pensar na dívida americana, que está em mãos chinesas, passível de arresto para garantir o pagamento das indemnizações. O mesmo se dirá das participações de capital chinês em empresas dos países atingidos, que podem ser igualmente penhoradas, confiscadas ou nacionalizadas. E esta já é uma linguagem a que a cúpula do PC chinês é sensível.
Para os governos, o caminho mais fácil é o da austeridade, que já provou ser prejudicial ao desenvolvimento. Adiamento de investimentos públicos, aumento de impostos, lançamento de taxas, cortes de salários são fáceis de decidir mas vão em sentido contrário à recuperação do PIB, que tem de estar na primeira linha das prioridades.
Aos dirigentes mundiais, que fazem contas às consequências da quebra do PIB, cabe a responsabilidade histórica de fazer sentar a China no banco dos réus. Aos cidadãos cumpre o dever de impedir que os eleitos se refugiem na ‘lei do menor esforço’, para se pouparem à maçada de enfrentar o senhor Xi Jinping.