Marta Temido levantou a polémica, a Igreja reuniu-se, mas a decisão mantém-se: o dia 13 de Maio vai ser celebrado sem peregrinos no santuário de Fátima. A ministra da Saúde admitiu, este sábado à noite em entrevista à SIC que, à semelhança daquilo que aconteceu com as celebrações da CGTP na Alameda, em Lisboa, e “desde que sejam respeitadas as regras sanitárias”, cabe às instituições decidir a presença, ou não, de pessoas nas celebrações. “Cada organizador tem de fazer um juízo de valor sobre riscos que vai correr”, acrescentou Marta Temido.
O santuário de Fátima admitiu ter sido apanhado de surpresa, mas após um reunião de urgência este domingo, a decisão de celebrar o dia 13 de Maio sem peregrinos manteve-se.
Em comunicado, o gabinete do bispo de Leiria-Fátima, cardeal D. António Marto, avançou que “a decisão da Igreja Católica de seguir as indicações das autoridades civis no sentido de suspender as celebrações religiosas decorre da responsabilidade de fazer o que está ao seu alcance para não colocar em perigo a saúde pública, em sintonia com o mandato evangélico do amor ao próximo”. “Por mais que o nosso coração desejasse estar em Fátima a celebrar comunitariamente neste lugar como acontece desde 1917, a prudência aconselha-nos que desta vez não seja assim”, lê-se no documento.
Um aglomerado de pessoas durante os dias 12 e 13 de maio, considera a Igreja, “contraria as orientações das autoridades de saúde”. Por isso, a realização das comemorações será feita “com uma presença simbólica de participantes, intervenientes na celebração e funcionários do Santuário de Fátima”. As respetivas celebrações serão transmitidas através dos órgãos de comunicação social.
Menos de 24 horas depois da entrevista à SIC, durante a conferência habitual sobre o boletim epidemiológico, Marta Temido esclarecia o assunto: “Há uma diferença entre peregrinos e celebrantes”. Neste caso, a diferença é que este ano estão proibidas as caminhadas habituais até Fátima.
“Todos sabem que a Igreja Católica já decidiu há muito tempo e com muita prudência que este ano não ia haver celebrações do 13 de Maio em Fátima”, disse Marta Temido.
Também este domingo, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, aproveitou para, numa carta aberta, deixar o alerta: “Sabemos que o fim do estado de emergência não significou o fim da pandemia e do grande perigo de ela alastrar, se não mantivermos o cuidado necessário”. “O Governo não autorizou celebrações religiosas em geral até ao fim deste mês”, escreveu D. Manuel Clemente, acrescentando que “custa-nos certamente, mas temos de cumprir, a bem da saúde pública”.