A pandemia da covid-19 veio virar do avesso as contas do primeiro trimestre dos CTT. Os resultados apresentados, ontem, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), confirmam uma ligeira queda dos lucros para os 3,7 milhões – uma descida de 0,4% face a igual período de 2019.
Os CTT confirmam que as contas foram fortemente afetadas pela pandemia, uma vez que “nos dois primeiros meses de 2020, os rendimentos operacionais “encontravam-se a crescer 7,4%” (incluindo o efeito inorgânico da compra do banco 321 Crédito), o que, segundo o comunicado, “evidencia o robusto desempenho que a empresa estava a conseguir nas suas linhas de negócios até à aceleração dos efeitos” da covid-19.
Ainda assim, os rendimentos do grupo liderado por João Bento cresceram 1,7% para 179,9 milhões de euros, em comparação com o período homólogo (+ 3,0 milhões), para o qual contribuíram os segmentos de Expresso e Encomendas, Banco CTT e Serviços Financeiro e Retalho, que acabaram por mitigar a queda verificada no serviço de correio.
O Banco CTT logrou crescer 10,5 milhões nos primeiros três meses deste ano, enquanto o segmento de correio caiu 10,4 milhões, dos quais 8,7 milhões estão enquadrados nas perdas do mês de março, após a chegada da pandemia ao país.
Os CTT adiantam que o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) caiu 3,7% para os 20,2 milhões de euros. Neste caso, o comunicado destaca uma inversão do comportamento do EBITDA, “fortemente impactado pelo efeito da covid-19 em março”, uma vez que em janeiro e fevereiro deste ano era possível constatar um crescimento a um ritmo muito acentuado (+49,7%), em comparação com o mesmo período de 2019.
Segundo relatório, os gastos operacionais aumentaram 3,8 milhões (+2,4%), totalizando 159,7 milhões de euros. O documento destaca que este aumento se deve, essencialmente, a custos relacionados com o 321 Crédito, que impactou três milhões nas despesas da empresa (excluindo este novo banco o aumento dos gastos operacionais baixaria para +0,5%). Neste capítulo, destaca-se ainda o aumento de 2,3 milhões de gastos com pessoal, para um total de 88,3 milhões (+2,7%) – também neste caso, os efeitos da aquisição do 321 Crédito fazem-se sentir, pois, excluindo o banco, a subida seria somente de um milhão de euros (+1,1%).
Os Correios destacam ainda o investimento efetuado neste período, nomeadamente na continuação da implementação do plano de modernização e investimento (+3,3 milhões). No total, o investimento dos CTT no primeiro trimestre de 2020 situou-se nos 5,6 milhões de euros, menos 12% do que no período homólogo, com destaque para a aposta nos serviços de Expresso e Encomendas (+0,6 milhões) e Banco CTT (+0,5 milhões) e para a atualização das máquinas de tratamento postal na plataforma de Barcelona (0,6 milhões) e o investimento em material de proteção (0,2 milhões) para fazer face à pandemia.