A DECO Proteste decidiu inquirir 1000 portugueses sobre a sua visão acerca de uma aplicação para rastreamento de pessoas infetadas com covid-19 por parte das autoridades, que pode ser lançada em breve em Portugal, visto ter sido incentivada pela Comissão Europeia e adotada por vários países da UE.
A grande maioria dos portugueses mostram-se abertos a tal, visto acreditarem que trará benefícios para a sociedade na luta contra a propagação da covid-19. No entanto, muitos mostram-se preocupados com a privacidade dos seus dados, apesar desta ser uma das medidas obrigatórias da Comissão Europeia. 84% dos inquiridos concordam que não existem garantias absolutas de anonimato na utilização da aplicação.
"A grande maioria dos inquiridos reconhece a utilidade de uma aplicação que permita o rastreamento de contactos, enviando alertas aos utilizadores caso entrem numa zona em que circulam pessoas infetadas com o coronavírus ou após contacto com infetados, num transporte público ou num estabelecimento comercial, por exemplo. Apesar de acreditarem que uma app com estas funcionalidades pode salvar vidas, não deixam de expressar, no entanto, reservas quanto à privacidade dos seus dados", pode ler-se no estudo, que aponta a geolocalização como "a medida que gera maior desconforto" nos inquiridos.
Quando questionados sobre a possibilidade de as operadoras de telecomunicações recolherem dados de GPS para que as autoridades monitorizem os hábitos de mobilidade dos cidadãos durante a pandemia, cerca de metade dos inquiridos concorda com a medida, mas somente se esses dados forem anónimos. "Se tal não for garantido, esse número cai para um terço", aponta o estudo.
Sobre se aceitariam instalar voluntariamente uma app que permita às autoridades terem acesso total a informações sobre as suas deslocações e localização, pouco mais de 40% responderam que sim.
A emissão de certificados de imunidade, que atestam que alguém recuperado da covid-19 foi considerado imune à doença, ou a monitorização de pessoas infetadas, para garantir que estão a respeitar o período de quarentena também parecem ser aceites por uma grande maioria da população, mas mais uma vez os inquiridos sublinham a importancia do anonimato.
Embora quase 80% dos inquiridos se sintam confortáveis com a utilização de uma aplicação que envia alertas aos utilizadores se entrarem numa área com infetados, essa percentagem cai para menos de 60% se os dados não forem anónimos.