O recurso de algumas dioceses ao layoff é um tema complexo, mas D. Januário Torgal Ferreira, bispo emérito das Forças Armadas, confessa ao SOL que nunca optaria por esse caminho. «Eu não recorria. Bateria à porta do bispo e dir-lhe-ia para falar com outros irmãos sacerdotes e leigos. E vamos tentar resolver o problema. Vamos entre nós. Mesmo que me parecesse que era justo [recorrer], neste momento há tanta necessidade, tanta pobreza, desgraça no meio das pessoas em Portugal», explicou D. Januário Torgal Ferreira, acrescentando: «Prefiro sofrer eu e os meus. Dentro de casa da nossa família, vamos resolver o problema. Não se resolvem problemas indo para o despedimento e se a Igreja Católica, nestas circunstâncias, não der um testemunho transparente de justiça e de desprendimento dos seus, mesmo que os seus envolvam gente casada, com filhos, com dificuldades… A igreja tem a obrigação moral de lhes deitar a mão».
Situação diferente é se partir do Estado a preocupação de apoiar a igreja, lembra ao SOL: «Se o Estado, por uma questão de desporto, ajuda esta instância ou outra, por que não há de ajudar também, por motivos de desporto ou ocupação de horas livres, um organismo da Igreja que promove socialmente jovens, gente abandonada, com fome, desprezada?»
E reforça a ideia: «Que o Estado queira ajudar, não só outras instâncias, como aquelas em graves dificuldades, e ponha lá pessoas da Igreja Católica que estão em graves dificuldades, estou de acordo. Mas não gostaria de que a Igreja Católica aparecesse casada com o dinheiro, mesmo em nome dos pobres. Porque mesmo em nome dos pobres, a Igreja deve estar casada, mas para lhes dar».
«A única regra que nos deve reger é a justiça, sobretudo quando nos pode parecer que ela seja contra nós. Mas é justo», afirma, sublinhando, ainda assim, que se trata de uma opinião pessoal: «Acho que a quem compete dar uma avaliação correta e fundamentada é quem tenha fundamentos jurídicos para o fazer».