O boletim da situação epidemiológica em Portugal desta segunda-feira revelou que mais 1.794 doentes recuperam da covid-19, o maior aumento desde o início do surto no país. Face a este número, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, explicou que o aumento do número de recuperados está relacionado com o aumento do reporte.
A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) disse, na conferência de imprensa habitual das autoridades de saúde, que "de ontem para hoje há muito mais" recuperados, porque as instituições começaram a reportar" mais e a melhorar a informação, uma vez que também começaram a ficar mais aliviadas do seu trabalho assistencial. Contudo, é preciso continuar a melhorar esta estatística.
"As instituições estão a reportar mais, mas a estatística não está trabalhada.Toda a informação sobre a epidemia só se conseguirá saber no final da epidemia, porque estão a acontecer muitos fenómenos ao mesmo tempo. Qual o tempo de recuperação de cada pessoa e outros dados ainda não estão disponíveis", disse.
António Sales, secretário de Estado da Saúde, acabou por fazer um balanço da situação atual dos lares de idosos, que esta segunda-feira, voltam a retomar as visitas. Em Portugal continental, 12% dos lares, ou seja, 315, apresentam casos de covid-19. Há cerca de 12.000 utentes infetados, 10% em internamento. Dos cerca de 14.000 funcionários, 998 encontram-se positivos, cerca de 400 aguardam resultado e cerca de 720 encontram-se em isolamento.
Neste sentido, e com a retoma de visitas nesta segunda fase de desconfinamento, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, afirmou que os centros de dia não deverão abrir para já. “Temos falado muito em separação de circuitos, mas pode não haver pessoal suficiente”, disse.
Questionada sobre as pessoas com deficiência, a diretora-geral da Saúde garante que as normas são as mesmas que para as outras instituições, mas a DGS "está disponível para dar orientações" específicas para este caso específico.
António Sales realçou que é normal que as pessoas tenham “receios” nesta segunda fase de desconfinamento, mas pede que os portugueses não diminuam os seus esforços. O governante relembra que somos todos agentes de saúde pública e que não podemos vacilar nesta fase.
Questionado sobre as praias cheias, Sales disse que as autoridades de Saúde continuam a acreditar no civismo do povo português. “As pessoas têm o seu próprio bom senso”, disse
Já Graça Freitas pediu aos portugueses que evitem ajuntamentos e locais com grande densidade populacional.
Respondendo a uma questão específica sobre a região do Algarve, a diretora-geral da Saúde admitiu que "a situação pandémica do Algarve é razoavelmente favorável". Contudo, pediu que não fossem aligeiradas medidas, pois "esse ganho não se pode perder".
Na mesma conferência de imprensa esteve presente Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed, para esclarecer informações sobre as máscaras e sobre o stock disponível.
Segundo Santos Ivo, quando a covid-19 foi declarada como uma pandemia em março, existia “alguma escassez a nível mundial” quanto aos equipamentos de proteção e, por isso, houve necessidade de recorrer à China. Agora, com mais equipamento assegurado, a maior preocupação é que “os equipamentos disponham de garantias de segurança e de desempenho”.
Rui Ivo Santos disse que o Infarmed tem agora reforçado a aposta na certificação de produtos de proteção a nível nacional e garante que a ASAE está a controlar a qualidade dos produtos no mercado, em conjunto com o Infarmed, bem como a qualidade de todo o material que vem de fora.
"O Infarmed ou ASAE clarificam se máscaras podem entrar no nosso país e se podem ser comercializadas", explicou.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, “o Instituto Português da Qualidade e o Instituto Português de Acreditação estão a trabalhar para outorgar a competência de creditação, para haver mais entidades com capacidade para produzir máscaras”.
“Há nestes momentos seis empresas certificadas” para acreditação de material, acrescentou.
O governante confirmou ainda que Portugal já recebeu mais ventiladores, mas realçou que, face aos outros países da Europa, é preciso "melhorar" a capacidade de ventilação para que o país se"aproxime da média europeia" – que é de 11,5 camas por cada seis mil habitantes.