Vários editores e outras chefias da redação da TVI fizeram hoje um abaixo-assinado em defesa da direção de informação, liderada por Sérgio Figueiredo, reagindo assim à notícia do i que dá conta das acusações de censura feitas pela equipa da jornalista Ana Leal. O texto – enviado por email para a redação e com o conhecimento de Figueiredo – foi assinado por cerca de duas dezenas de profissionais e rejeita aquilo a que chamaram uma “campanha de desinformação”.
“Nunca os editores da TVI se sentiram limitados ou censurados pela direção de informação, nem tolerariam a prática de qualquer tipo de censura na redação”, afirmam, adiantando que a “discussão em praça pública de assuntos internos da redação apenas pretende descredibilizar a […] informação da TVI, numa altura em que os jornalistas são parte da linha da frente no combate à pandemia”.
Os 22 editores e chefes – não surge o nome de nenhum jornalista sem este tipo de funções – concluem dizendo que “demonstram […] a sua solidariedade com o diretor de informação”.
Tal como o i avançou hoje, com base em documentação a que teve acesso, a equipa de jornalistas coordenada por Ana Leal acusa a direção de informação da TVI de censurar peças jornalísticas incómodas para o poder político e para as autoridades de saúde. O programa foi suspenso no dia 10 de março e a equipa, constituída pela jornalista e outros três repórteres, foi dissolvida 16 dias depois.
Ao conselho de deontologia do Sindicato dos Jornalistas e, mais tarde, ao conselho de redação da TVI foram mesmo detalhadas por estes jornalistas diversas investigações que a direção de informação de Queluz de Baixo terá travado. A maioria está relacionada com a covid-19, mas há ainda a descrição de uma investigação que envolvia o atual Governo angolano que nunca viu a luz do dia.
Questionada na segunda-feira pelo i, Ana Leal disse não comentar o fim do programa nem os motivos, tal como Sérgio Figueiredo. “Não fiz nem faço declarações sobre decisões editoriais”, disse o diretor de informação da TVI. O i contactou no mesmo dia o Sindicato dos Jornalistas, que reencaminhou o caso para o conselho de deontologia e apontou uma resposta para hoje, que não chegou até ao fecho desta edição. Também a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, questionada, não reagiu.
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