A mãe e o bebé portugueses que estavam detidos no aeroporto Charles de Gaulle desde domingo foram libertados esta quarta-feira, assim como o pai, de origem cabo-verdiana, que trabalha no país. Apesar do governo francês já ter definido, no passado dia 12, que existia uma maior liberdade entre os cidadãos europeus para circular no país, mesmo com a existência da covid-19, que afetou muito o país, a única justificação dada ao casal pela retenção foi os efeitos provocados pela doença.
O casal estava retido numa zona do aeroporto parisiense destinada a viajantes que não têm autorização de entrada no território francês e que estão à espera de serem repatriados, o que não era o caso dos mesmos, visto o homem trabalhar em França e a mulher e o bebé, de um mês, que vivem em Portugal, que faz parte da União Europeia, terem viajado com o objetivo de se mudar para o país.
“Foram libertados esta manhã. Portanto, foram detidos por nada. As autoridades fecham as pessoas durante quatro dias num sítio onde não há garantias de assegurar os gestos barreira necessários neste momento, nem o distanciamento social e acabam por ser libertados”, afirmou Laure Palun, diretora da Associação Nacional de Assistência Fronteiriça para Estrangeiros (Anafé) em declarações à Agência Lusa, que apelida as leis e circulares do Governo para a entrada dos cidadãos europeus no país "não muito claras".
Palun acusa ainda as autoridades aeroportuárias de colocar o bebé num local que não era indicado para uma criança. “É um quarto não adaptado para bebés, não há uma cama de bebé, por exemplo", explica. Nestas instalações estão 20 pessoas, incluindo outro bebé de 16 meses, que chegou a Paris com a mãe, uma cidadã do México. "É um local de enclausuramento. O enclausuramento de crianças tem de acabar", disse a responsável esta quarta-feira.