A Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou na terça-feira a abertura de um inquérito à resposta global à pandemia do novo coronavírus, depois de um encontro anual tremido em que a China e os Estados Unidos trocaram várias acusações – incluindo a notável ameaça do chefe da Casa Branca, Donald Trump, de cortar permanentemente o financiamento à OMS.
A resolução apela a uma avaliação “imparcial e independente” da resposta internacional “coordenada pela OMS” ao surto o mais breve possível, com o propósito de rever “a experiência ganha” durante a pandemia e “as lições aprendidas” pela agência das Nações Unidas.
Foi adotada sem objeções dos Estados-membros, durante a Assembleia Mundial para a Saúde, onde a Austrália e a União Europeia lideraram os apelos à investigação, em nome de mais de 100 países. Não obstante, o encontro ficou aquém dos objetivos de Washington: uma revisão completa das origens chinesas do vírus e as consequentes ações da OMS.
Um número de nações acusou Pequim de ter retido informação sobre o vírus, detetado pela primeira vez na cidade chinesa Wuhan, no final de 2019, enquanto a China defendeu a sua gestão à crise pandémica.
Na segunda-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, disse apoiar os apelos para a abertura de um inquérito, insistindo, porém, que este devia apenas ser iniciado quando o vírus estiver contido. Por videoconferência, Xi defendeu as ações do seu país. “Desde o início, agimos com abertura, transparência e responsabilidade, fornecemos informações à OMS e aos países relevantes o mais rapidamente possível, lançamos a sequência do genoma o mais rápido possível, compartilhamos experiências de controlo e tratamento com o mundo sem reservas, fizemos todo o possível para apoiar e ajudar os países necessitados”, disse.
No mesmo dia, Trump ameaçou acabar de vez com o financiamento norte-americano à OMS, a não ser que fizesse melhoramentos “substanciais nos próximos 30 dias”, acusando a organização de uma “alarmante” dependência da China.
Num encontro que demonstrou a tensão entre Pequim e Washington, o contraste do posicionamento internacional das duas potências também foi notável. O chefe do Governo chinês anunciou, no início do fórum, a doação de 1,8 mil milhões de euros para o combate ao surto de coronavírus e a expedição de médicos e de equipamento médico para África e outros países em desenvolvimento.