O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) acusou a companhia aérea Ryanair de estar a implementar uma “política de medo” junto dos seus tripulantes de cabine através da ameaça de despedimentos e do não pagamento dos salários referentes ao mês de março.
Segundo o SNPVAC, a companhia áerea de baixo custo irlandesa “está claramente a aproveitar-se” do atual contexto da pandemia “à custa dos seus colaboradores, nomeadamente dos tripulantes de cabine”. “Diversos sindicatos europeus com representação na Ryanair já tinham avançado que só iriam discutir ou debater assuntos relacionados com a retoma mediante o envio de uma proposta escrita com dados objetivos. Essa proposta foi, efetivamente, apresentada pela companhia aérea, mas ameaçando os seus trabalhadores com cortes salariais desajustados e, até mesmo, despedimentos”, acrescenta o sindicato.
De acordo com o SNPVAC, a Ryanair exige “cortes no vencimento base de cada um dos tripulantes” e “retirar unilateralmente o bónus de produtividade, que é um direito dos seus trabalhadores há anos”. O sindicato já respondeu à empresa, propondo “mecanismos legais à disposição a que podem, legitimamente, recorrer tendo em vista a diminuição dos seus custos, tais como o prolongamento do regime de layoff, a passagem para trabalho a tempo parcial mediante acordo com o trabalhador, bem como incentivar os tripulantes a solicitar uma licença sem vencimento”.
Para fazer face a esta situação, o SNPVAC apela a “uma intervenção estatal”, por considerar estar em causa a perda de rendimentos e de postos de trabalho de cerca de 500 tripulantes. O sindicato já solicitou uma audiência à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, ao ministro das Infraestruturas e da Habituação, Pedro Nuno Santos, com o objetivo de expor a situação, acrescentando que também já foram apresentadas queixas à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).