Madrid, Barcelona e outras áreas de Castilha e Leão vão poder entrar na fase 1 de relaxamento das medidas de distanciamento social na próxima segunda-feira, juntando-se assim a todo o território espanhol, anunciaram ontem as autoridades de saúde do país. E grande parte de Espanha, onde se condensa 47% da população, vai entrar na segunda fase de relaxamento a partir do mesmo dia.
O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Salvador Illa, depois de uma reunião com o Conselho de Ministros. A entrada na primeira fase permite que 25 milhões de espanhóis já possam, entre outras coisas, visitar a família e amigos e beber e comer nos terraços de bares, restaurantes e cafés, cujos estabelecimentos estão a operar abaixo da sua capacidade máxima.
Illa também anunciou os territórios que vão entrar na segunda fase de desconfinamento: Andaluzia (com exceção para Granada e Málaga, permanecendo na primeira fase); Castilha La Mancha (exceto Toledo, Albacete e Ciudade Real); Galiza; ilhas Baleares; ilhas Canárias; País Basco; Astúrias; Cantábria; Navarra; La Rioja; Aragón; Extremadura; Múrcia; Ceuta e Melila. Na Catalunha, parte da Tarragona também irá entrar na fase 2.
Protestos
A decisão de La Moncloa vem na sequência dos protestos de residentes do bairro de classe alta Salamanca, descrito como o mais rico de Madrid, a cidade mais afetada pelo coronavírus em Espanha. Os moradores protestaram contra a gestão do Governo do Partido Socialista Operário Espanhol e do seu parceiro minoritário, Unidas Podemos, da crise pandémica.
Usaram expressões como «ditatorial» e «opressora» para descrever a sua situação durante a quarentena, depois no domingo a polícia ter dispersado e multado alguns jovens que se dirigiam a uma casa onde se ouvia música, desencadeando gritos pela «liberdade» e pela «demissão» do Executivo espanhol.
Na quarta-feira, cerca de 100 moradores saíram à rua para bater em panelas e frigideiras, na Nuñez Balboa, sem respeitarem as regras de distanciamento social. Casais, famílias e pessoas com cães juntaram-se aos protestos. Alguns até marcharam com pequenas bandeiras espanholas bordadas, outros agitavam bandeiras de maior porte.
«Pago os meus impostos e temos um Governo que não está a fazer nada», disse María Jesús, de 56 anos, ao El País. «Por isso é que estou a marchar e a protestar. Vê estas luvas? Paguei por elas. E esta máscara? Também paguei por ela».O bairro Salamanca tem cerca de 150 mil moradores, incluindo parte dos 1% mais ricos de Espanha, segundo o El País. O_rendimento de cada agregado familiar no bairro é 50 376 euros em média, comparando com os 33 mil euros da região e 28 417 em toda a Espanha.