Costuma definir-se frequentemente ignorância como sendo uma bênção. Contudo, julgo que a mesma associação tem origem na ausência de uma distinção clara, na mente coletiva da sociedade, entre satisfação e felicidade. Por alguma razão, não me parece que a maioria das pessoas seja realmente feliz ou realizada.
De acordo com a minha própria interpretação, a diferença entre satisfação e felicidade tem origem na postura e perspetiva com que um qualquer indivíduo reage aos vários possíveis resultados de um mesmo processo. Ou seja, um indivíduo está satisfeito se e só se o resultado for aquele que pretendia, como por exemplo, querer ir ver o seu clube de coração ao estádio e conseguir bilhetes, em vez de ficar em casa a ver o jogo. Por oposição, um ser é feliz quando, independentemente do resultado, o bem-estar define a aura da pessoa e, mesmo que não consiga bilhetes para o derby, possa ver o jogo na companhia da sua família e amigos.
De alguma forma, pode definir-se mais profundamente cada um destes estados. Satisfação é um estado absolutamente temporário, através do qual alguém ‘está’ bem, não ‘é’ o próprio ‘bem’. Assim, e por oposição, um indivíduo é tão feliz quanto maior for a estabilidade do seu bem-estar.
O conhecimento permite ao indivíduo aprender a extrair de cada circunstância o melhor que esta tem para lhe oferecer, e não estar num estado de menor bem-estar sempre que uma situação não tem o resultado pretendido.
Para quem pretende desenvolver-se e, em especial, para os jovens estudantes, conhecer e expandir a compreensão são a forma mais eficaz de, num primeiro momento retirar o melhor de cada momento e, num segundo momento e como consequência, serem felizes.
Assumo que me parece que a realização pessoal e a felicidade são objetivo comum, direta ou indiretamente, de todos nós. Acredito que procurar a verdade e encarar o dia-a-dia com a curiosidade e confiança de quem sabe que, o que quer que aconteça, vai ser positivo, é a forma mais rápida de nos superarmos a nós próprios.
Em suma, julgo que podendo ser feliz, alguém só se fica pela satisfação se tiver medo de brilhar, de se sentir bem. Porquê ser menos, quando se pode ser mais?
Num mundo em que ser-se realizado e feliz é ousadia, convido o leitor a sair da sua zona de conforto e explorar, a si próprio e ao que o rodeia. O conhecimento é a escadaria para o palco da vida, no qual só não brilha quem não a sobe. Talvez na próxima oportunidade, nada tema, não se contenha, e seja inteiro, qualquer que seja a circunstância e inspire.
Estou certo de que inspirar faz bem ao ser do que reduzir-se para não ofuscar. O mundo, especialmente agora, precisa de otimismo, de realização e de seres humanos inteiros. Porquê ser meio quando se pode ser um!?