A Associação de Marcas de Retalho e Restauração defende que, nesta altura de pandemia e devido ao encerramento dos espaços, os arrendatários foram muito mais prejudicados que os senhorios e que “no que toca aos senhorios a partilha de sacrifícios é zero”.
Nesse sentido, uma das sugestões dadas pelos representantes da associação é que exista “uma partilha de sacrifícios entre todos”. “Há uma disparidade de custos atirada para arrendatários e lojistas e não há para senhorios”, acusou Miguel Pina Martins, presidente da associação, na Comissão de Economia Inovação Obras Públicas e Habitação, em vésperas da decisão do Governo sobre a reabertura dos centros comerciais na zona da Grande Lisboa. O responsável foi mais longe e garantiu existir “um certo sanitário aos senhorios, ninguém lhes toca”, até porque, diz, “o senhorio vai receber um pouco mais tarde mas vai receber”.
Miguel Pina Martins lembrou ainda que vai existir “um aumento de 25% das rendas em julho”. “Estamos a um mês de uma pequena desgraça”, disse ainda, alertando que muitas destas empresas “tiveram receitas zero” e que, no caso da restauração, vão reabrir apenas com faturação a 50%, que em alguns casos pode ser menos. “Não há viabilidade, é impossível”, lamentou.
Paulo Andrez, que faz parte da direção da associação, apresentou um estudo que mostra as perdas sofridas pelos lojistas durante o tempo de pandemia. “Por cada mil euros de sacrifício para os senhorios, os lojistas perdiam 175 vezes mais”, explicou. E mais uma vez questionou a partilha de sacrifícios.
Segundo os números apresentados, em cerca de dois meses e meio, foram registados quase 25 mil euros em custos com rendas de lojas.
Já os partidos – que mostraram vontade de ajudar os lojistas – no entanto realçam o facto de os contratos dos centros comerciais serem feitos entre privados. “Estamos a falar de dois privados que assinaram um acordo por opção própria. Esta é a dificuldade base. O Governo ou a AR estarem a legislar sobre acordos entre dois privados que foram assinados por vontade de ambos pode colocar problemas adicionais. O PS quer ajudar mas qual é a solução jurídica?”, explicou o deputado do PS Hugo Costa.
Já o deputado João Gonçalves Pereira, do PCP, não tem dúvidas: “A questão é até onde estamos dispostos a ir politicamente”.