O conselho legislativo da Região Administrativa Especial de Hong Kong aprovou o polémico projeto lei que criminaliza ofensas contra o hino da República Popular da China. A aprovação aconteceu no mesmo dia em que milhares de pessoas assinalaram o massacre de Tiananmen em Hong Kong.
A lei foi aprovada com 41 votos a favor e um contra, avançou o South China Morning Post, num debate que não foi pacífico com alguns deputados a envolverem-se em confrontos e a serem expulsos da sala.
Aliás, o deputado pró-democracia Ray Chan Chi-chuen chegou mesmo a entornar um líquido de mau cheiro no chão, como forma de protesto à lei e em homenagem às vítimas do massacre.
“Nunca deveremos perdoar o Partido Comunista por ter assassinado o seu próprio povo há 31 anos, sem ter sido responsabilizado por isso. Um regime tão vergonhoso fede para sempre”, acusou Eddie Chu Hoi-dick – que também acabou expulso da sala – citado pelo South China Morning Post.
A nova lei deverá agora ser ratificada de forma formal pela chefe do Executivo local, Carrie Lam, e conta com até três anos de prisão para quem faça ofensas contra o hino da República Popular da China.
Vigília não autorizada Pela primeira vez, em 30 anos a polícia de Hong Kong não autorizou a vigília e as manifestações que decorrem para homenagear as vítimas do massacre de 4 de junho de 1989, em Pequim. As autoridades deram como justificação a possibilidade de aumentar os riscos de contágio pelo vírus covid-19.
No entanto, apesar das proibições, milhares de cidadãos reuniram-se para assinalar a data.
Segundo uma reportagem da AFP, muitos manifestantes acenderam velas em alguns bairros. À agência de notícias, um homem de 74 anos explicou que celebra a data desde sempre: “Há 30 anos que venho todos os anos aqui para recordar a memória das vítimas da repressão do 4 de junho e este ano é ainda mais importante”, disse. “Estou aqui porque Hong Kong vive o mesmo género de repressão levada a cabo pelo mesmo regime, tal como o que se passou em Pequim”,
acrescentou o homem prometendo uma manifestação pacífica. “Não temos armas. Aqui o que nós podemos fazer é falar”.