Finalmente chegou a ‘nova normalidade’! Ainda há mortes em Itália, mas o número tem vindo a baixar todos os dias e isso já é uma vitória. A tão desejada retoma económica veio dar ânimo e força ao país. Se por um lado, a prioridade continua a ser salvar vidas, por outro, as pessoas têm necessidade de regressar ao trabalho porque sem dinheiro ninguém vive.
A palavra de ordem é prudência e o uso de máscara é obrigatório porque o vírus ainda está bem presente. Os teatros, as salas de cinema e os estádios continuam fechados e não há data prevista para a reabertura dos mesmos. Os concertos e espetáculos também não se sabe quando regressam. Pela primeira vez, não haverá ópera na arena de Verona. Ainda assim, os italianos voltam a respirar de alívio e estão eufóricos por poderem usufruir novamente dos pequenos prazeres da vida!
Passear à beira-mar ou simplesmente no calçadão, ir à praia, fazer um piquenique no jardim, andar de bicicleta ou de mota são atividades muito apreciadas. E agora mais do que nunca! As ruas voltam a estar animadas, as esplanadas ganharam vida e os locais fazem fila para beber um cappuccino, um caffè lungo, um caffè latte, um macchiatone, uma cioccolata calda con panna, um latte macchiato, um macchiato con cacao ou um ristretto, sempre acompanhados de um mignon (pequeno bolo). A lista é longa e o mais difícil está na escolha. Italiano digno desse nome toma o seu café na rua. Como diz o meu marido, «em casa não tem o mesmo sabor».
As crianças brincam animadamente, os mais velhos do bairro passeiam os cães e falam alto entre si (distância obriga), famílias inteiras apoderaram-se dos passeios sem medo. Todos tentam recuperar o tempo perdido e como as temperaturas subiram o ‘gelato’ não pode faltar! Uma vez mais, torna-se complicado escolher. Cioccolato fondente, nocciola, panna, limone, pistacchio, fragola… Há para todos os gostos, de todas as cores e texturas. Eu já me sinto quase tão italiana como portuguesa, por isso, salto a dieta e saboreio esta delícia do país que pode ser servida num copo, num cone, numa taça, num crepe, numa gofre e até mesmo numa pizza! Ou não vivesse eu em Itália!
Entretanto anseio com o regresso a Portugal e penso diariamente na minha família. Estou desejosa de abraçar os meus sobrinhos e ver como cresceram. Ainda me lembro da última vez que estivemos todos juntos. O meu coração tem espaço para os dois países e sinto-me grata por ter nascido onde nasci e, ao mesmo tempo, poder viver numa cidade que adoro. Os italianos enfrentaram o vírus com dignidade, coragem e respeito e os portugueses têm demonstrado altruísmo e solidariedade. Esta batalha ainda não terminou, mas estamos no bom caminho. A esperança nunca morre e, no final, ‘andrà tutto bene’.