Mais um livro que desmancha a sua reputação e que tenta proibir que chegue às bancas; duas decisões do Supremo Tribunal contra a sua vontade; e o Facebook apagou anúncios da sua campanha com referências nazis. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve uma semana para esquecer.
A mais alta instância do país, para a qual o chefe da Casa Branca nomeou dois juízes conservadores, tomou duas decisões que surpreenderam muitos, mostrando a independência dos juízes nomeados por Trump.
A primeira foi sobre os direitos LGBT: as empresas ficam proibidas de discriminar os seus trabalhadores com base na sua orientação sexual e identidade de género. Ainda assim, a deliberação histórica deixou espaço para que isso aconteça nas pequenas e médias empresas, que empregam um sexto dos norte-americanos. O Presidente, por sua vez, que defendia a liberdade das empresas para discriminar de acordo com a orientação sexula e identidade de género, acatou a decisão. «Deliberaram e temos de viver com essa decisão», afirmou. «É tudo. Vivemos com a decisão do Supremo Tribunal».
Poucos dias depois, o mesmo tribunal deliberou que a Administração Trump não podia acabar, de imediato, com o programa que protege da deportação cerca de 700 mil jovens imigrantes, conhecidos como os ‘dreamers’. O fim do programa iniciado por Barack Obama em 2012 foi uma das promessas de campanha de Trump e, desta vez, o chefe da Casa Branca não foi tão recetivo à decisão da poderosa instituição. Mas o Supremo admitiu que a administração podia voltar a tentar encerrar o programa – terá é de apresentar outros argumentos para o fazer. E que sejam legais.
Em ambos os casos, as deliberações do Supremo Tribunal, descritas como progressistas numa instituição conservadora, tiveram o apoio de juízes nomeados pelo Partido Republicano, cada vez mais ultraconservador e anti-imigração. Foi o caso de John G. Roberts, nomeado por George W. Bush, que se juntou aos quatro juizes liberais.
Num rodopio de más notícias para o Presidente, o seu antigo conselheiro de Segurança Nacional John Bolton entregou exemplares ao New York Times, Washington Post e Wall Street Journal do seu tão esperado livro sobre o tempo em que esteve na administração. A premissa não é nova: Bolton refere na sua obra, que chegará às bancas na terça-feira, que Trump não é apto para ser Presidente e que age de acordo com os seus interesses próprios – por exemplo, o agressivo neoconservador alega que Trump terá pedido ajuda à China para ser reeleito. A administração está a fazer de tudo para impedir a publicação das memórias de Bolton alegando conter informação classificada, sem provável sucesso: a manobra, dizem analistas, pode fazer com que o livro seja ainda mais vendido.
E o cerco ao chefe da Casa Branca não acabou por aqui, com o Twitter cada vez mais ativo na monitorização das suas publicações. Pela primeira vez a gigante tecnológica classificou um tweet do Presidente como «falso». Já o Facebook apagou um anúncio da campanha de Trump sobre os Antifa, que mostrava um triângulo vermelho invertido, semelhante ao utilizado pelos Nazis para rotular comunistas.