Um dos três portugueses infetados com covid-19 num matadouro em Gütersloh, na Alemanha, onde foi detetado um surto do vírus, admite que os trabalhadores foram obrigados a trabalhar depois de surgirem os primeiros casos e que era difícil manter as regras de segurança.
"Fazíamos testes regulares na empresa e foram aparecendo alguns casos, mas nós continuávamos a trabalhar, eram as ordens que tínhamos", contou um dos portugueses, que não quis ser identificado, em declarações à agência Lusa.
"Começaram a mandar gente para casa, iam grupos de 10 pessoas, de 15 pessoas, muita gente. Foi nessa altura que desconfiámos que a doença se estava a alastrar", acrescentou.
Recorde-se que foram detetados mais de 1.500 casos de covid-19 em trabalhadores na empresa, a "Tönnies", que agora se encontra encerrada. Segundo a agência Lusa, que cita dados da Associação Portuguesa de Gütersloh, dos cerca de sete mil trabalhadores do matadouro, sete são portugueses. Os três que estão infetados encontram-se fora de perigo e estão em casa.
"Estávamos a trabalhar como antes, todos juntos, sem qualquer medida diferente (…) Eles queriam que o trabalho não parasse, mas claro, ao estar em contacto com alguém infetado, à partida, mais tarde ou mais cedo, íamos ficar todos doentes. E foi o que aconteceu", lamentou o funcionário, que trabalha na empresa há mais de 20 anos.
"Não tenho muito a acusar, é uma empresa muito grande e com muita gente e é difícil manter as regras, por exemplo, manter a distância (…) Agora vão ter de começar a cumprir", acrescentou.
De realçar que o surto na empresa de carne levou a que o governo da Renânia do Norte-Vestefália decretasse o confinamento de duas localidades vizinhas, Gütersloh e Warendorf. Armin Laschet, o líder do governo da Renânia do Norte-Vestefália, revelou que está a ser avaliada uma possível responsabilização da empresa.