Há receita à moda socialista…

A máquina de propaganda, tal como em 2009, continua a desviar as atenções do que realmente importa. Mantém em aberto a luta entre portugueses de primeira e de segunda, com critérios ridículos e pesos e medidas distintos. Discutem-se os lugares na praia, a importância em ir de férias e de impulsionar o consumo interno incentivando…

por Francisco Mota
Líder da Juventude Popular

No início desta pandemia afirmei que, face ao momento que atravessávamos, não podíamos correr o risco de criar falsos unanimismos, porque se unidade requer confiança, questionar também é ser patriota. A oposição e Governo deviam cumprir a sua missão, um de governar e outro de fiscalizar. Ao longo de todo este processo, muitas perguntas não viram respostas e outras tantas opções foram pouco claras e transparentes. As circunstâncias atuais apenas colocam a nu a falência de um modelo social e assistencial, onde o socialismo – mais uma vez – faliu. Não estamos preparados do ponto de vista económico e social para enfrentar uma nova pandemia de bancarrota, não por culpa do maldito vírus, mas porque não nos vimos livres do vírus do socialismo.

Comparemos o que aconteceu em 2009 e o panorama em 2020. Após a crise pandémica avista-se uma brutal crise económica e a receita parece ser exatamente a mesma, mais investimento público, compra do povo com novos computadores Magalhães, obras nas escolas, quando ainda todos nos recordados o que foi a Parque Escolar e os seus modelos de transparência e probidade. O facilitismo tomou o lugar da contratação pública onde não se discutem prioridades e é permitido fazer ajustes diretos de maior valor e, no caso dos concursos públicos, adjudicar contratos que fiquem vazios acima do valor base.

Por outro lado, tal e qual como em 2009, aumentamos os funcionários públicos quando o país não tem dinheiro para assumir este encargo. Recordemo-nos que foi precisamente após essa medida populista que aceleramos a entrada das instâncias internacionais em Portugal.

Seguiram-se PEC’s numa tentativa desenfreada de estancar a hemorragia, sendo que em Outubro de 2010 tínhamos José Sócrates a cortar entre 3,5% e 10 % à função pública, já depois de em março desse ano ter cortado o subsídio de férias. Um plano de austeridade à lá esquerda, que culminou no acordo da troika assinado pelo partido socialista, porque já não tínhamos dinheiro para pagar contas. Arrepiem-se, à data tínhamos Teixeira dos Santos como ministro das finanças, o campeão da redução do défice, e agora vemos o CR7 Mário Centeno a fugir pelas portas do fundo. Não me parece que haja apenas coincidências.

A máquina de propaganda, tal como em 2009, continua a desviar as atenções do que realmente importa. Mantém em aberto a luta entre portugueses de primeira e de segunda, com critérios ridículos e pesos e medidas distintos. Discutem-se os lugares na praia, a importância em ir de férias e de impulsionar o consumo interno incentivando o endividamento das famílias.

Enquanto isso, assistimos os governantes com a mesma estratégia de 2009 a fomentar a procura interna com mais investimento público, mais obras megalómanas e eleitoralistas, gastando dinheiro que não temos, e que haverá de ser pago aos mercados externos, que entretanto Bloco de Esquerda e PCP não quererão pagar.

Estamos de acordo que a pandemia em causa, sem culpa do governo certamente, atirou o País para um estado de emergência social em que foi necessário responder às famílias e empresas. A conjuntura ditou uma redução de receita e aumento de despesa, mas hoje o que me difere das atuais opções é a capacidade de ver mais longe, na certeza de que no caminho a optar não somos todos iguais, não somos todos socialistas.

Com o confinamento da economia, desapareceu grande parte das exportações, com o turismo à cabeça. Esta atividade depende da confiança e o seu reatar, tal como o da economia, não se pode recuperar por decreto ministerial.

É necessário um caminho diferente, em que se incuta uma estratégia de patriotismo económico, que compensemos a balança comercial com a redução das importações por produção nacional para evitar uma nova sangria nas contas externas e assim alavancando uma marca de nome Portugal; apostar na reindustrialização do país em setores estratégicos e por fim um plano para estancar o aumento da despesa pública e garantir mais receita, reduzindo a presença do estado na vida das pessoas e assim dominar o défice. A dívida, que já se espera acima dos 140% do PIB, a caminho dos 270 mil milhões de euros (28 mil euros por cada português) necessita de uma resposta bem distinta da que se perspetiva atualmente e não pode o dinheiro que vem de Bruxelas ou do BCE, que será sobretudo para a economia e para as empresas, a salvar os cofres do estado que já se encontra há muito sobre-endividado.

A minha geração assiste e vive em 10 anos a duas crises profundas, sem precedentes e onde já não basta ao Presidente da República, que durante estes anos foi um alto patrocínio do caminho traçado, discursos de circunstância tentando inverter aquilo que ele próprio criou. Um Estado que se confunde com um partido e um partido que se confunde com um Governo. Se o socialismo não teve culpa nas circunstâncias da pandemia, hoje compreendemos que os números que nos vendiam eram apenas ilusões, que a nossa economia era um castelo de cartas, que não reformamos nada, que o país não crescia mas apenas ia na onda e que, por fim, por detrás de tudo isto, existe uma agenda ideológica de estadização da vida dos portugueses porque esse será sempre o ventilador do socialismo.