Face à decisão da União Europeia de levantar restrições aos voos para 14 países fora do espaço europeu – numa lista onde ficaram de fora gigantes como os Estados Unidos e a Rússia, bem como o Brasil, todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste –, o Governo português seguiu as orientações, proibindo os voos para todos os países fora da lista que não pertencem à UE ou são associados ao espaço Schengen. Contudo, conseguiu exceções em relação aos países de língua oficial portuguesa e aos EUA, devido à sua grande comunidade portuguesa. Continua a haver voos essenciais entre estes países, mediante apresentação de testes negativos à covid-19, realizados até 72 horas antes.
Havia receios de que as restrições aceites por Portugal, face aos países de língua portuguesa, com os quais são mantidas estreitas ligações, pudesse criar atritos. Contudo, não será esse o caso, garante Vítor Ramalho, secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), ao SOL. «Estamos a viver em todo o mundo uma grave crise sanitária», relembra Ramalho, «é normal cada país exercer condicionalismos, dentro do seu espaço soberano». E nota que «outros países de língua oficial portuguesa também o fazem, como Angola».
No caso do Brasil, há condição extra, como o facto de apenas serem aceites os voos de e para os aeroportos de São Paulo. O país enfrenta o segundo pior surto de coronavírus do planeta: tem mais 62 mil mortes e ultrapassou o milhão e meio de casos, apesar de ter realizado menos de um sétimo dos testes per capita de Portugal.
Entre os PALOP, talvez seja Cabo Verde quem tem mostrado a resposta mais capaz à pandemia: tem taxas de testagem relativamente robustas e impôs restrições bastante cedo, logo no início de março, proibindo todos os voos para o arquipélago, à exceção dos voos sanitários.
Só deverá haver plena retoma de voos internacionais no início de agosto. Entretanto, as autoridades cabo-verdianas anunciaram que já conseguem realizar testes dentro de um prazo de 72 horas, na Praia e na ilha de São Vicente, como necessário para os voos essenciais para Portugal.
No que toca a países fora da União Europeia, já podem aterrar em Portugal voos vindos da Argélia, Canadá, Coreia do Sul, Marrocos, Tunísia e China.