Em tempos de pandemia, há objetos artísticos que continuam a ser vendidos por largos milhões. Na passada segunda-feira, a Sotheby’s levou à praça um tríptico do artista irlandês Francis Bacon (1909-1992), que em dez minutos foi arrebatado por 84,6 milhões de dólares, cerca de 75 milhões de euros. O tríptico de Bacon foi inspirado Trilogia de Orestes, um conjunto peças teatrais que o dramaturgo grego Ésquilo escreveu no século V a.C. A obra, de 1981, é um dos 28 trípticos de grande dimensão pintados pelo artista a partir de 1962.
O tríptico estava na posse do colecionador de arte norueguês Hans Rasmus Astrup desde 1984, e chegou a leilão com uma estimativa de 60 a 80 milhões de euros. O evento foi transmitido em streaming, a partir de Londres, e depois dos tais dez minutos de disputa a obra acabou por ser comprada por um anónimo que licitava a partir de Nova Iorque. Após o encerramento da sessão, o presidente da Sotheby’s Europa, Oliver Barker, apelidou o leilão de «histórico». No total, a Sotheby’s arrecadou no evento – onde também foi vendida a coleção de arte da norte-americana Ginny Williams – 322,8 milhões de euros.
Esta não foi, contudo, a obra do pintor irlandês a atingir o valor mais elevado. Em 2013, num leilão organizado pela Christie’s, o tríptico Três estudos de Lucian Freud foi arrebatado em Nova Iorque por 142,4 milhões de dólares, um valor que, à data, rondaria os 106 milhões de euros. Até 2015 esta tratou-se, efetivamente, da pintura mais cara alguma vez leiloada, tendo sido destronada nesse ano pela obra de Picasso Femmes d’Alger (179,4 milhões de dólares). Desde 2017 que o título é detido pelo quadro Salvator Mundi, de Leonardo da Vinci, que custou uns impressionantes 450 milhões de dólares ao seu novo dono – que, segundo o The New York Times, será um príncipe saudita. O quadro não foi visto desde então.