No dia em que o governador do Banco de Portugal termina o mandato, o ex-ministro das Finanças que lhe vai suceder na pasta vai ser escrutinado no Parlamento. Mário Centeno vai ser ouvido pelos deputados no âmbito da proposta de designação para o cargo de governador. Só depois desta audição será elaborado um relatório e só depois é que o Conselho de Ministros poderá designar Centeno para o cargo de governador. A responsabilidade de elaborar o relatório ficou a cargo do grupo parlamentar do PS e o parecer será redigido pelo deputado socialista João Paulo Correia, que foi nomeado relator.
O certo é que a nomeação tem estado envolvida em fortes polémicas, já que Centeno deixou a pasta das Finanças mais cedo com vista a substituir Carlos Costa, levantando reservas sobre a garantia de independência do supervisor financeiro face ao Governo. Mas nem a proposta do PAN de estabelecer um “período de nojo” entre o exercício de funções governativas na área das Finanças e o desempenho do cargo de governador do Banco de Portugal, que não recebeu apoio da maioria para aprovar essas mudanças, conseguiu travar esse objetivo. Objetivo esse que Mário Centeno nunca escondeu ao considerar que não há incompatibilidades para assumir as novas funções. “Ser governante não é um cadastro”, chegou a referir.