Com setas azuis no chão a apontar o caminho, um circuito que impõe aos visitantes seguirem viagem sem poder voltar atrás e com a obrigatoriedade de usar máscara mesmo na fila de entrada, assim se fez a reabertura do Museu do Louvre, que encerrou a 13 de março devido ao surto e agora voltou a abrir portas. Desde a ii Guerra Mundial que o museu parisiense não se via obrigado a encerrar durante tanto tempo.
O Louvre abriu ao público na passada segunda-feira, tendo sido visitado por 7400 pessoas logo na data inaugural, referiu à agência EFE uma porta-voz da instituição – um número muito longínquo da média registada em período pré-pandemia, em que o museu era visitado por cerca de 30 mil a 40 mil pessoas por dia.
À hora da abertura, dezenas de visitantes esperavam pela sua vez para entrar e, segundo relatou a AFP, as palmas soaram quando as portas se abriram. “Estou muito, muito feliz por receber visitantes num museu que existe sobretudo para receber visitantes”, disse o diretor do museu, Jean-Luc Martinez, à AFP. “Dedicamos as nossas vidas à arte, gostamos de partilhar essa paixão e aqui estamos nós”, afirmou.
Nos próximos tempos, o museu, que costumava ter um público maioritariamente composto por estrangeiros (75%), espera que os visitantes sejam essencialmente franceses ou europeus de países vizinhos. Durante o período de encerramento, o Louvre estima ter perdido cerca de 40 milhões de euros e a direção acredita que os próximos três anos serão difíceis.
Devido aos espaços amplos – o complexo espraia-se por 45 mil metros quadrados –, a direção acredita que as medidas de distanciamento social aplicadas serão suficientes mas, caso comecem a verificar-se enchentes, pondera suprimir alguns dos intervalos dos horários de entrada, equilibrando assim os números dentro do espaço. Por agora será aceite a entrada de 500 visitantes a cada meia hora. Os bilhetes têm de ser reservados – esgotaram no dia da reabertura – e para lá do uso obrigatório de máscara está vedado o acesso a vestiários. É ainda proibido realizar lanches dentro de portas e nem todo o complexo reabriu: as galerias onde o distanciamento social ficaria comprometido, que representam cerca de um terço do Louvre, vão permanecer encerradas. Nestas galerias ainda vedadas encontram-se obras como as esculturas francesas da Idade Média e renascentistas e obras de arte oriundas de África, Ásia, Oceânia e Américas.
Já os pontos de maior concentração – que passam inevitavelmente pelas obras Mona Lisa, A Vénus de Milo ou a Vitória de Samotrácia, entre outros – terão também regras especiais. No chão, por exemplo, está assinalada a distância que cada visitante deve respeitar.
A imposição de uma certa tranquilidade parece estar a ser aproveitada agora por esta nova leva de visitantes. “Esta é a nossa quinta ou sexta vez no Louvre. Mas nunca conseguimos ver a Mona Lisa, devido ao grande número de visitantes. Desta vez esperamos observá-la”, afirmou à AFP Helene Ngarnim, moradora em Paris, que na segunda-feira fez questão de visitar o museu na companhia dos dois filhos adolescentes.