Durante a próxima década, todas as áreas metropolitanas irão implementar sistemas de Transporte Público a Pedido para um maior conforto dos cidadãos e para uma maior eficiência de gestão de recursos. Hoje, com a pandemia, um sistema de Transporte Público a Pedido é também a solução para introduzir salubridade e segurança na vida urbana.
Nos sistemas de Transporte Público a Pedido o utilizador marca a sua viagem por telefone ou numa app. Do outro lado da chamada está uma plataforma, assente em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e em sistemas de gestão de dados, com a missão de organizar todos os veículos públicos disponíveis para otimizar os percursos necessários. O objetivo é cruzar dados automaticamente entre a oferta de viagens e a procura dos utilizadores, reservando lugares em veículos que se movimentam em vias dedicadas (como o elétrico rápido, o metropolitano ou o comboio) e disponibilizando o número e a dimensão de veículos justos para a procura nos modos rodoviários. O pagamento do sistema será, como hoje, partilhado entre os utilizadores e o apoio público aos operadores.
Autocarros a circular vazios pela cidade, queimando recursos quando ninguém precisa deles, ou aglomerados de pessoas à espera numa paragem a empurrarem-se para não ficarem de fora, serão, em breve, memórias de um passado histórico distante.
A generalização dos Transportes Públicos a Pedido não é apenas um sonho futurista, enunciado tanto por Elon Musk, o inventor que muito tem feito avançar a tecnologia de mobilidade urbana, como por Norman Foster, o arquiteto da cidade de Masdar projetada em 2008 para funcionar, em exclusivo, com um sistema de transportes públicos a pedido.
Em Portugal, já existe um sistema de Transportes Público a Pedido a funcionar em 13 concelhos, para uma otimização de recursos nas comunidades de baixa densidade do Médio Tejo. Está também anunciado, para este ano, a abertura de mais um sistema de Transporte Público a Pedido cruzando cinco concelhos do Alentejo. Assim, já temos um sistema de Transporte Público a Pedido a funcionar onde podemos aferir as dificuldades inerentes ao sistema antes de transitarmos para a complexidade das áreas metropolitanas.
Nas áreas metropolitanas, o primeiro passo é identificar os maiores problemas previsíveis, tanto tecnológicos como sociais, sejam as necessidades das plataformas operativas como os desafios de quem trabalha nas operadoras. O segundo passo é determinar que as operadoras de transportes públicos têm de fornecer todos os dados sobre deslocações e bilhética às diversas Autoridades de Transportes para se começar a desenhar o sistema.
Durante a próxima década, a velocidade com que os sistemas de transportes metropolitanos irão generalizar gradualmente o modo de Transporte Público a Pedido dependerá diretamente da capacidade de gestão, vontade política e competência técnica das equipas que lideram as cidades. Que seja rápido.